Friday, July 30, 2004

A maternidade fica-lhe bem


a maternidade fica-lhe bem Posted by Hello

E vou ver. Bilhete caro, demasiadamente caro, mas sempre tive a curiosidade de ver esta mulher. Especialmente depois de ter sido mãe. Porque convenhamos a maternidade fez-lhe muito bem.

Madonna

Alguém me faz o favor de explicar como é que num país em crise, ainda que em fase de retoma (?), os bilhetes para a Madonna, a preços impressionantes, esgotam em 9 horas?

Não estou com isto a dizer que não vou, pois espantem-se  aqueles que me conhecem e aqueles que não me conhecem, mas vou tentar comprar mais logo para o segundo dia...

 

Thursday, July 29, 2004

Cidade de Deus


cidade de...Deus? Posted by Hello

 
Filmes da minha vida...que cliché abordar este tema, mas porque não se os filmes são de facto um tema que absorve, apetece e nos consome algum do tempo livre?
Já não vou ao cinema há muito. demasiado. Por razões obvias.
Mas hoje reveria este filme.
Um dos meus favoritos.
Cidade de....Deus? Há contradições do "Diabo"!

 


Ainda a fotografia

A propósito do comentário do meu amigo Hugo, relativo à fotografia de Sebastião Salgado...
É a estética presente na referida foto que causa o impacto. Não é apenas a figura da criança decrépita, vazia, quase morta. É a sua semelhança com a árvore em pano de fundo, é o posicionamento das figuras, é a envolvente paisagística, fria de tão quente, abandonada, vazia. É um todo que constrói essa imagem crua, minimalisticamente colocada e captada.

Num outro ponto, e do que me conheces sabes bem o quanto enfatizo o outro lado da realidade. Como dizes, porque a realidade são fraldas, sorrisos das crianças, mulheres grávidas, praias e jogos, cães e gatos, passarinhos nos bosques, gente que se ama, gente que nasce, gente que realiza, arte musica e tudo mais que nos faz felizes e nos leva a acreditar que vale a pena viver e lutar.
O que choca, é que esta criança não pode ser como as outras, a esta criança foi retirada a infância, o lego, o pão, o carinho, o conforto, o riso e o corpo!
O que choca é a desigualdade, é a indiferença de todos nós. Nós tão cheios de questões mesquinhas como o Paulo Portas, o Louçã ou o Durão. Quero lá saber do penteado do Santana e o túnel do Marquês! O Que eu queria é que fossemos capazes de um dia mudarmos o rumo das coisas...destas e de tantas outras.

Wednesday, July 28, 2004

Desculpem-me


Árvore Posted by Hello

Sebastião Salgado

A crueldade é a da vida. Da desigualdade. De se nascer com sorte ou com falta dela. De se nascer aqui ou lá, de nós ou deles, com alguém ou sem nada. A crueldade é nossa. Ambição, devaneio, esquecimento, alheamento, cegueira, "faz de conta", silêncio, o tal imenso silêncio. Desculpem-me. Realidade. Crua. nua. Despojada. Preto e branco. Como esta vida. Como a outra. aqui ao lado. O tal silêncio. Imenso. Amargo. Fel. Nada. Desculpem-me.
Eu.

"As árvores têm braços. As pessoas, ramos. E continuam em pé, inexplicavelmente em pé, sob um céu desamparador."
Eduardo Galeano

 

 

 

Silêncio

 
SUDÃO. SILÊNCIO. SILENCIO. MUITO. DEMAIS. TODOS NÓS. CUMPLICIDADE. HIPOCRISIA. SILÊNCIO. ALI AO LADO. MORREM CRIANÇAS COMO A MINHA. SILÊNCIO. AQUI AO LADO. HORROR. SUDÃO. APERTO.TODOS NÓS. CULPADOS.SUDÃO.

Confissão

“As únicas pessoas autênticas, para mim, são as loucas, as que estão loucas por viver, loucas por falar, loucas por serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, que não bocejam, mas ardem, ardem, ardem como fabulosas grinaldas amarelas de fogo-de-artifício a explodir”.

Pela estrada Fora

Jack Kerouac

Tuesday, July 27, 2004

Horas..As Horas

 

"Mrs Dalloway goes out to buy flowers"

 

Monday, July 26, 2004

Desinteresse

Chega-se a uma fase, secalhar natural, secalhar fruto dos tempos modernos em que a lei do trabalho nos concede o direito a férias (para alguns, entenda-se), em que o corpo e sobretudo o espirito nos dizem, clamam, gritam: Pára!

Cheguei a este ponto. Em que tudo parece ter de parar. Em que as ideias parecem já não fluir. Em que a confusão parece  ter-se instalado. Em que as pálpebras pesam. Em que o corpo reclama por um sol. Em que a alma precisa de silêncio.
Cheguei a um ponto de desinteresse. Desinteressei-me por quase tudo, andado de há uns dias para cá num estado de cumprimento vegetativo das tarefas de que estou incumbida, sem contudo, revelar em relação a elas o menor apego, interesse e entrega, elementos que sempre considerei essenciais à obtenção dos resultados a que sempre me propus seja em relação ao trabalho, seja em relação à vida pessoal.
Neste final de mês, contudo, quica fruto de um ano diferente, o mais diferente de todos em razão da maternidade recente, deixei de conseguir “dar conta”. Sinto-me incapaz e estupidamente fragilizada, sinto-me em periodo do ruptura com quase tudo, sinto-me difícil de aturar, sinto-me “lenta” e demagoga quando aludo ao período de férias judicias para desculpar aquele que também é o meu atraso na resolução dos assuntos pendentes.
Em cima da secretária há dossiers e requerimentos soltos, há notificações e telefonemas para fazer. Depressa chegará a noite e com ela mais um dia sem animo para ser cumprido.
Este blog também já me cansa, isto não obstante, acabar por ser afinal o meu refugio de palavras . Mais que não seja para dizer a todos que estou deveras cansada.
E eu não estou incluída na previsão leal do direito a férias....
Acho que é melhor oferecer-me um descanso.
Sob pena de tudo ruir. Quase tudo, mesmo.

 

 

Friday, July 23, 2004

Traição

Mas porque é que no outro dia, eu não comprei o disco do Carlos PAredes que tanto me apetecia ouvir?
Mas porque é que justamente hoje fui a um blog que tinha uma banda sonora de Carlos Paredes reportada a um dia algures na semana passada?
Mas porque é que depois de tantos anos internado, tantos anos meio vivo, meio esquecido, tanta gente foi hoje visitar o Carlos Parede na Basiliica da Estrela?
Mas porque é que é negada a possibilidade de sermos imortais e de nos perpetuarmos, a nós enquanto seres humanos, espirituais, matéria e carne, para além do tempo?
Mas porque é que não há um conjunto de serzinhos fabulosamente tocados pela magia que fiquem para sempre vivos?
Mas porque é que morreu Van Gogh?
Mas porque é que se negou a todos nós portugueses a possibilidade de ouvir uma guitarra a emitir sons imaculados?
Mas porque é que houve de repente um tão inquietante silêncio?
A morte, tal como já disseram, não deixa de ser uma traição de merda.

 

Wednesday, July 21, 2004

Perfect Day

Quando liguei o rádio do carro,começou a dar na Radar, uma das musicas que mais adoro: Perfect Day, Lou Reed.
 
Lembro-me dos verões com as minhas amigas. Lembro-me de uma viagem à Galiza. Lembro-me do dia em que fui buscar o meu cão ao criador. Lembro-me do dia em que terminei o curso. Lembro-me do dia em que nos beijamos pela primeira vez. Lembro-me dos primeiros fins-de-semana na nossa casa. Lembro-me de chegarmos a NY num dia chuvoso de Março. Lembro-me de estarmos no Empire State Building. Lembro-me da viagem comboio entre Praga e Berlim. Lembro-me de quando vimos pela primeira vez aquele que seria o nosso terraço. Lembro-me de ir com o meu pai dar comida aos patos no Parque Eduardo VII. Lembro-me das férias no Algarve. Lembro-me de ir ver o FlashGordon com a minha irmã. Lembro-me de jogar às cartas com as minhas sobrinhas. Lembro-me do nosso primeiro Natal juntos. Lembro-me do cheiro do monte no Alentejo. Lembro-me de um Santo António em Elvas. Lembro-me da primeira ecografia. Lembro-me do teu olhar quando o nosso filho saiu de dentro de mim. Lembro-me....
Tantos dias perfeitos. 

  
Just a perfect day.
drink Sangria in the park
And then later
when it gets dark, we go home
Just a perfect dayfeed animals in the zoo
Then latera movie, too, and then home
Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spend it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on
Just a perfect day
problems all left alone
Weekenders on our ownit's such fun
Just a perfect day
you made me forget myselfI thought I was
someone else, someone good
Oh, it's such a perfect dayI'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow 



  

Tuesday, July 20, 2004

Tédios

Há dias chatos. Dias cheios de sol em que não em apetece fazer nada. Absolutamente nada. Dias de desistência. Dias que desejamos acabem depressa. Dias em que me penitencio por estar assim. Dias em que quero ficar sozinha. Calada. Em silêncio. Dias em que é melhor que ninguém me chateei, importune, incomode, interfira, debite, questione, opine..
Há dias em que não acho piada a nada. Rigorosamente nada.
E tenho saudades do meu filho que está na Escolinha. Porque não me apetecia nada ter de deixá-lo lá quando aqui onde estou apenas me apetecia estar com ele.
Talvez logo ele me faça sorrir.

Friday, July 16, 2004

Escrevo


Frida  Posted by Hello
 
 

" Eu pinto-me porque estou muitas vezes sózinha e porque sou o assunto que
melhor conheço".
 
Frida Khalo
 
Eu escrevo por estes e por outros motivos.
 

Comunhão

Quando chego a casa e não fui a ultima a sair dela, estafada depois de sete horas de minutas, pactos sociais, actas, contestações, petições e afins, deparo-me com o cenário dantesco de uma casa habitada por homens, leia-se machos.

A cama está por fazer e apresenta-se totalmente revirada provavelmente com as almofadas caídas no chão. O cesto da roupa suja tem meias e cuecas a espreitar muito embora, com um simples empurrãozinho, todas as peças se acomodem de forma bem menos visível. Há biberões espalhados com restos de leite, toalhetes na estante do quarto, água e marcas de sapatos no chão da casa de banho, toalhas despojadamente atiradas, tortas, desalinhadas. Janelas muito abertas e janelas muito fechadas. Há lixo no caixote a cheirar a fralda de cócó, há pelos de cão por todo o corredor, há brinquedos, também de cão, a povoar todo o espaço da sala…há loiça suja com restos de comida gordurentos. Com sorte há também uns sacos vazios do Aki ou da Worten espalhados pela sala. Com mais sorte ainda, esses sacos estão devidamente acompanhados de caixotes de cartão provenientes da compra de uma nova impressora, ou outro qualquer equipamento informático. Às vezes também há comboios ou aviões em construção em cima da mesa de apoio. Esta é em vidro e está invariavelmente pejada de dedadas.

Não entendo esta incapacidade masculina em compreender uma quantidade de pequenos nadas da organização e da partilha de espaços.

Depois das horas de trabalho, acompanhada de um bebé no carrinho que reclama agora para si a atenção devida e os cuidados de banho e alimentação que se impõem, “deposito” o citado bebé, de quem tenho saudades entenda-se, no parque, vulgo prisão, ou no berço. Encho-o de bonecos e de pianos chicco cujas melodias já sei de cor, e inicio a longa, rotineira e estupidificante tarefa Ajax.

Arranjo a cama, ponho-lhe as estúpidas almofadas que não sei porque as ponho já que em breve as vou tirar de novo, lavo o chão da casa de banho, mais uma vez estupidamente pois logo após estar imaculadamente lavado o cão entra com as patas sujas da rua e deixa a sua marca. Sigo para a cozinha, lavo e esterilizo os biberões, fervo a água para o próximo biberão, ponho a loiça gordurenta na máquina ( é claro que primeiro a lavo à mão, pois ao contrário dos homens já conclui que se não o fizer a máquina, que não tem umas maozinha lá dentro, jamais o irá fazer), passo com o lava-tudo-cheiro-a-morango-desinfectante-antí-calcário-amoniacal-ómega-três e o lava loiça fica um brinco. Segundos depois alguém se lembrou de vir lavar um componente de uma asa do aludido avião em construção…. Ainda na cozinha, lavo o chão. Desde que vivo nesta casa que quero mudar o chão para preto. “Longe dos olhos, longe do coração”, e este mosaico branco, além de piroso, consome-me a esfregona e a paciência.

Para a sala. Componho a mesa de apoio, isto obviamente sem de lá retirar as tais construções. Passo o pano do pó no ecrã da tv e das aparelhagens. Saco da vassoura e mando o cão para o terraço. Retiro da sala, quartos e corredores, uma pá de pêlos de cão. Saco da esfregona novamente, encho o balde com Completo. Lavo o chão. Ufa, consegui deixar o parquet sem marcas….pelos menos durante dez minutos vou conseguir ver a casa bonita, tipo anuncio de televisão. O bebé já está farto da melodia do piano. Eu também. Mudo-o de sitio. Se estava no berço vai para o parque, se estava no parque vai para o  berço. Dou-lhe uns beijos a cheirar a CIF.
Retiro a roupa da máquina, penduro a roupa. Entretanto, lá fora, homem e cão divertem-se a regar as plantas. Está um tapete na entrada da sala, mas o cão entra histérico a correr e afasta-o para debaixo do sofá. Adorou a brincadeira com a água da rega e passeia-se pela casa com as patas molhadas. Acabou o parquet brilhante.
Tenho de ir dar a comida ao bebé. A tarefa do jantar fica a cargo do Luís, que depois me deixará novamente os pratos gordurosos, as panelas com comida pegada, o chão sujo e os mil e um utensílios utilizados para lavar e meter na máquina ( para quê tantas colheres de pau!).

Os homens não compreendem as nossas rotinas. Não compreendem as nossas pequenas obsessões. Sim, eu sei que são obsessões: as toalhas da casa de banho direitas, a banheira lavada, a inexistência de cabelos espalhados pelo chão, a bacia muito brilhante, a roupa muito bem passada e pendurada ( com regras é claro: camisas e vestidos separadas de saias e calças. Cintos e acessórios diversos arrumados em gavetinha a eles especialmente destinadas…), as molduras de fotografias estratégicamente colocadas, as velinhas de cheiro bom a morango recentemente compradas na habitat que têm de povoar cada espacinho vazio, as almofadinhas coloridas a compor cada recanto, os cestinhos cheios de nada que ficam bem naquele espaço, as flores bem viçosas e regadinhas junto à janela da cozinha, os estores entreabertos a deixar passar o sol, mas sem que tal signifique que toda a casa esteja estoteantemente invadida dele, os brinquedos do cão arrumadinhos no terraço, os perfumes alinhados de acordo com as preferências acompanhados do cestinho dos brincos que me minuciosamente escolho de acordo com a roupa e a disposição do dia, os sapatinhos alinhados no canto do quarto, os brinquedos e a roupinha do bebé toda arrumadinha para não dar aquele ar de desmazelo inerente às casa com crianças.
 
Porra, e porque raios não és capaz de por um bocadinho de perfume no cão que lhe tire aquele cheiro de cholé que exala das patas? Levo o cão lá para fora, inicio a odisseia de o escovar. Corre, corre, louco, desenfreado, pensa que é tudo uma grande brincadeira. Consigo dete-lo, ou deteve-o o cansaço. Escovo-o…duas, três, quarenta vezes. Ponho-lhe pó de talco Klorane. Carissimo. Comprei-o para o rabo do Francisco mas vejo que este uso é bem mais proveitoso. Pelo menos tenho um cão que durante umas horas vais cheirar a humano pequeno…
Os machos lá de casa não me compreendem. Dizem ( nem todos falam, pois é!), que me perco em tarefas inúteis…a cama pode bem estar por fazer, os brinquedos espalhados, o chão mais preto que branco, o soalho de madeira mais manchado que um dálmata. O que interessa é usufruir da vida. Bebe-la, prová-la, saboreá-la.
Tá um fim de dia memorável. Lá for a cheira a terra, mar e praia. O puto tá lindo e dá uns gritos de alegria que se ouvem na vizinhança. O cão rebola-se e dá-nos brinquedos porque lhe apetece brincar. Ainda tenho que passar aquelas calças que quero vestir amanhã, devia ter lavado o cabelo e a conversa telefónica com a minha mãe foi mais curta do que esta desejava.
O Luís olha para mim e num simples afecto devolve-me a aura de princesa. Mesmo assim, cansada e com o ar de quem se sente culpada por ter gasto as duas ultimas horas entre panos do pó e Pronto dá brilho mas não lava tudo.
O miúdo tem os olhos brilhantes e cheira a azedo. Lá foram estão todos os meus machos a curtirem-se e a curtirem. Sem quererem saber de camas ou bacias, fraldas ou biberões, esterilizações, sopas ou camas para fazer, almofadas por colocar ou toalhas por alinhar. Estão alí apenas. A gozar aquele fim de tarde. Corre um brisa fresca… tudo o mais pode esperar.

Thursday, July 15, 2004

Coisas...

Não consigo perceber o êxito dos Toranja;

Que tipo de pessoas compra a baixela Titanic e o creme Nara?

Já gostei mais de musica brasileira. Agora apetece-me ler apenas as letras.

Porque é que à hora do almoço e no decorrer da tarde apenas passam anúncios a detergentes, shampoos, iogurtes e carne pingo doce?

Quando é que o Xau, escolha inteligente, faz um anuncio inteligente?

Porque é que Portugal tem um dos parques automóveis mais caros da Europa?

Fiquei apaixonada por Berlim.

Há uma menina da creche do meu filho que todos os dias me quer oferecer flores.

Se Deus existe porque é que há meninos a morrer de fome?

Às vezes apetece-me ouvir Prodigy.

Gosto mais de direito na teoria do que de advocacia na prática.

Porque é que as mulheres portuguesas estão sempre cheias de alergias e se afastam do ar condicionado?

As bandeiras de Portugal colocadas nas janelas estão a ficar com a cor comida pelo sol.

O Pedro Sanatana Lopes é o primeiro Primeiro Ministro que conheço que tem uma pulseira da Nossa Senhora do Bonfim.

Gosto tanto da minha casa...

Detesto quem não paga as suas contas dentro do prazo. Também detesto que as pessoas se atrasem.

Não gosto que me dêem palpites.

Detesto ir ao Supermercado, mas quando já lá estou adoro andar de corredor em corredor.

Não tenho ideologias, tenho uma promiscuidade delas.

O amor dos meus pais comove-me.

Há tanta coisa que queria, mas que por desleixo ou esquecimento, nunca chego a comprar.

Espero que meu filho goste de Legos. È que eu gosto.

Gosto de roseiras. Nobres, altivas, cheias de espinhos e muito vermelhas.

Porque é que os advogados andam sempre de fatinho millennium BCP e as advogadas de tailleur relações publicas El corte Inglês?

Gosto de negligé.

Quem me dera acordar e ter o quadro a Biblioteca de Vieira da Silva em frente à minha cama.

Gosto muito da vida que tenho.

O meu amigo

Apetecia-me estar a brincar com o meu cão. Rebolar no chão do terraço, atirar a bolinha azul mais de cem vezes e vê-lo desajeitado e ofegante a ir e vir entregar-me a dita bolinha sempre na mesma rotina de felicidade. Apetecia-me dar-lhe mimos e festinhas na “barrigolha” enquanto ele se rebola num dengue de carinhos gratuitos. Apetecia-me apreciar aqueles olhinhos castanhos que por vezes olham por mim de uma forma tão humana que me fazem crer que estou perante um menino puro que me entrou em casa na forma de cão castanho. Apetecia-me levá-lo a passear e vê-lo correr nos baldios num frenesim de querer cheirar cada pedacinho de terra. Apetecia-me poder levá-lo para o mar e partilhar aquela alegria que sente quando as ondas lhe passam por cima. Apetecia-me pedir-lhe desculpa por não lhe dar tanta atenção desde que o Francisco nasceu e também relembrar-lhe que quando ele era bebé também ele me roubava o tempo e tantas vezes a paciência.. Apetecia-me confessar-lhe que, ainda que muitos não compreendam, ele é um dos meus melhores amigos, quiça o mais verdadeiro de todos eles, mais do que isso, que a minha família também é ele. Apetecia-me agradecer-lhe também por ser tão carinhoso com o nosso bebé e pedir-lhe para tal como o fez o longo destes seis meses, nunca deixar de lhe dar um beijinho de manhã e outros tantos ao longo do dia. Apetecia-me dizer-lhe que ele é muito mais do que gente, que me diz muito mais do que muita gente, que me acarinha muito mais do que a maior parte das pessoas, que é dos poucos que sabe quando estou triste, que é dos poucos que está sempre pronto para me dar um carinho, que é muito bom encontrá-lo todas as manhãs com o mesmo sorriso, que sei tudo o que ele me diz e que não consigo imaginar a minha vida sem ele.

Hoje estava um cãozinho morto na berma da estrada.

Se...

With My Own Two Hands
Ben Harper


I can change the world
With my own two hands
Make a better place
With my own two hands
Make a kinder place
Oh- with my
Oh- with my own two hands
With my own
With my own two hands
With my own
With my own two hands

I can make peace on earth
With my own two hands
I can clean up the earth
Oh- with my own two hands
I can reach out to you
Oh- with my own two hands
With my own
With my own two hands
Oh- with my own
Oh- with my own two hands

I'm gonna make it a brighter place
With my own
I'm gonna make it a safer place
With my own
I'm gonna help the human race
With my own
With my own two hands

Now I can hold you
With my own two hands
And I can comfort you
With my own two hands
But you got to use
Use your own two hands
Use your own
Use your own two hands

Use your own two hands
And with our own
With our own two hands
With our
With our
With our own two hands
Oh- with my own
With my own two hands

I'm gonna make it a brighter place
With my own
I'm gonna make it a safer place
With my own
I'm gonna help the human race
With my own
Gonna make it a brighter place
With my own
I can hold you
With my own
And I can comfort you
With my own
But you got
You got
You got
You got
You got
You got
You got
You got to use
Oh- use your own
Oh- use your own
Lord

But you got
You got
You got
You got
You got to use
Use - use your own
Use your own
Use your own
Use your own
Use your own
.....

Wednesday, July 14, 2004

Assim sou eu...


kandinsky Posted by Hello

"Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é étero num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. Ámen".


NATÁLIA CORREIA, Sonetos Românticos (1990)

Tuesday, July 13, 2004

Quotidiano


kate moss Posted by Hello


Repetem-se diariamente os mesmos gestos. Chega uma hora que é só minha.
Muito breve, muito banal, estupidamente repetitiva...mas minha. Posso
deixar-me estar a navegar nos blogs, posso ouvir um pouco de radiohead sem
que o meu parceiro me diga que a musica é demasiadamente deprimente, posso
fazer um zaping furioso pelos 40 ou 50 canais de tv cabo, posso ficar a ver
a MTV e perceber que não conheço quase nenhum dos cantores que lá aparecem,
posso fingir que sei escrever ou que sei pintar, posso ficar simplesmente a
olhar para o vazio sentada no terraço.
Posso ir fazer uma limpeza de pele.
Olho-me ao espelho.
Pensava que com a gravidez iria ganhar um cu imenso daqueles que vejo em
quase todas as mães. Desculpem-me as mães mas não compreendo a razão para o
crescimento desses cús, para esse uso indiscriminado das calças de algodão
coladas ao corpo, das t-shirts pingonas e debutadas, dos imensos sacos
carregados de coisas de bebé que não percebo para que servem. Não fiquei com
um cu imenso, de resto nunca tive um grande cu. Percebo que as mamas também
permanecem iguais e, ao contrário, das vozes das amigas que haviam
(supostamente) amamentado e cujo peito, por essa hipotética razão, havia
descaído, a verdade é que ao fim de reais seis meses de amamentação o peito,
embora com uns números acima, quedou-se na mesma posição que já ostentava
desde os quinze anos. Poupei uns tostões no implante de silicone...
Estou branca como a cal. Pela primeira vez em anos, quase desde que me
conheço, não tive ainda oportunidade de ir à praia. Tão pouco apanhei banhos
de sol no terraço e a piscina que o Luís lá costuma montar tem vindo a
tardar...continua armazenada na casota ( não usada) do cão à espera de um
dia de maior disponibilidade...
Por estar tão alva, são mais visíveis todas as imperfeições de pele: poros
abertos, pontos negros, pelos que teimam em desafiar as máquinas
depiladoras, projectos de varizes...uma pontual celulite. Porra, eu não
tinha qualquer sinal de celulite!
Na cara já se notam uma rugas. Chamam-lhes de expressão para esconder a
verdadeira causa das mesmas. Ora porra, são rugas junto aos olhos,
pequeninas, disfarçáveis com corrector...mas são rugas...
Também tenho olheiras, também não as tinha, mas a multiplicação de noites
sem dormir ou a acordar de duas em duas horas, deixou-me fatalmente estas
duas manchas na parte debaixo dos olhos, as quais, tal como no caso
anterior, também se disfarçam à custa de um creme muito bom da Lâncome.
Quando tinha quinze anos não tinha rugas, nem poros abertos, nem sinal de
celulite, nem pelos teimosos...não tinha este ar mais pesado, tinha o cabelo
brilhante....e quando me olhava no espelho, sem sinais de pinturas e
disfarces, imaginava sempre como seria daí a dez quinze anos...

Sinto-me patética a olhar para mim. Nada de novo neste rosto e ainda assim
alongo-me em encontrar imperfeições. Que crucificação! Vão-me pesando as
pálpebras e , com medo do peso, afasto-me da balança electrónica/ digital
que, felizmente, está invariavelmente avariada.

Tenho sempre revistas no wc. È um vicio que já vem de casa dos meus pais.
Coexistem nesse espaço os boletins da ordem, as protestes, as lux’s ( para
dias mais deprimidos) e as máximas ( para me inteirar das modas...). Há
também revistas de aviões e, felizmente, não há Maxmen. Não obstante, capa
da máxima está uma mulher lindíssima. Deverá ter cerca de um metro e setenta
e cinco, não pesará mais de sessenta quilos, tem longos cabelos castanhos,
olhos de verde mar, corpo de musa. Ostenta um bikini muito fashion assinado
por Dolce e Gabanna. Por detrás dela uma paisagem toda ela feita em azul mar
e coqueiros.
Retorno à minha imagem reflectida no espelho. Hoje sinto-me um caco. Não,
ainda não ando de calça de licra e de t-shirt debotada. Mas hoje sinto-me
assim. O oposto da mulher na capa da máxima, o oposto da mulher que era à
quinze anos atrás. Por cada vez que olho no espelho parecem surgir mais
imperfeições., não sei o que vou vestir amanhã e previamente a escolher
qualquer coisa, deveria tirar o verniz das unhas, repor o verniz das unhas,
lavar e alisar o cabelo e colocar aquele creme maravilha que deixamos actuar
durante três minutos e ficamos com cara de quem regressou de um SPA
Vou esconder a Máxima, vou esconder todos os anúncios da televisão, vou
esconder toda a publicidade da rua, vou tapar os olhos nos centros
comerciais, vou evitar a praia, vou colocar uma venda no Luís. Porque hoje
sinto-me uma merda e porque tenho medo que ele perceba que me sinto assim e
se perca a olhar para as mulheres Dolce e Gabanna que povoam por aí.

Mais valia ter ido logo para a cama.

Monday, July 12, 2004

Tu


Joy Posted by Hello


Tu
Oito e meia da noite. Cansaço que pesa. Cão que não larga os meus pés. Marido com quem me cruzei algures no corredor. Tempo que fugiu. Tudo para fazer.
Estás junto ao meu peito, mexes-me no cabelo, esboças um sorriso. Acarinhas-me a cara com as tuas mãozinhas sapudas, pões o dedinho na boca e no colo da tua mãe adormeces. Estive todo o dia à espera desta hora. Por toda a minha vida hei-de sentir saudade deste momento, este pequeno instante de ti.

Avante Camaradas...

A leitura dos comentários aqui colocados, sugere-me que de facto foi preciso lançar no meu blog a questão política para aqui ver opiniões daqueles que prezo e que portanto gosto de ver opinar. Não, meus amigos, não é preciso exaltar os ânimos, nem tão pouco estar aqui a exortar a esquerda e direita ou ir buscar a sua génese para tentar descobrir a pólvora, neste caso a solução para os problemas da nação lusa.

“Em casa em que não há pão todos ralham e nenhum tem razão”. Muito sinceramente este é o provérbio que me apraz citar a propósito desta questão do PSL, PS, PR e outras tantas ouras siglas que me abstenho de transcrever. A verdade, meus caros, é que aos meus olhos e aos olhos de tantos mais, o que ressalta é a total falta de bom senso da esquerda, da direita, do cento e do desnorte. A política deveria ser um sacerdócio, uma missão, uma dádiva daqueles “iluminados” em prol de uns tantos outros, mais ou menos iluminados, que teriam mandatado aqueles para lhes organizar a vidinha...Pois bem, os pseudo iluminados, são, como o LA ontem me disse, aqueles menos iluminados que por o serem foram a para a política....os outros, nós, mandatámos esses ao engano, agarrados a uns programas eleitorais populistas e bem ilustrados que, com o volver do tempo e a contenção económica, vemos em nada se assemelharem à realidade antes prometida. Mas não nos enganemos..o ferro, o portas, o durão, o portas II, o pedrocas (fica bem..é simpático..)), o sócrates (deve ir concorrer pela imagem...é um ponto positivo em termos de marketing...ao contrário de Vitorino...) são todos iguais e digo iguais mesmo!!!


No entanto, e o que me leva a escrever este segundo post sobre o mesmo tema, é esta velha tradição do português em dizer mal à partida, em tentar destruir, denegrir, desacreditar...mas porque não tentar? Lembro-me que quando era pequena andava como emblema da APU ao peito. Os meus pais e os amigos destes perguntavam-me porquê...porquê?...lembro-me de responder, porque não acreditar?...não tinha consciência política apenas tinha pena dos meninos que não tinham lápis como eu. Hoje, volvidos tantos anos, esses meninos provavelmente continuam a não ter lápis, e eu continuo, ainda que sem APU, a acreditar à mesma!

Dada a nossa estranha forma de ser do português, estou convicta que a oposição acabará por levar a agua ao seu moinho...convulsão social, greves atrás de greves, reeinvindicações atrás de reeinvindicações, golpes de teatro atrás de golpes de teatro, isto no almejado caminho de obrigar o presidente a dissolver a AR e convocar eleições.
Este é agora o objectivo da oposição. Numa palavra: Boicotar.
E acredito que o conseguirá e acredito que depois virá relembrar o que então foi dito aquando da decisão tomada pelo PR...debilidade de um PM não directamente escolhido pelo Povo...

De manifestação em manifestação, de crise em crise, de greve em greve até às eleições. Assim vai ser o nosso final de ano 2004. Ahhh...mas agora acalmem que vêem aí as merecidas férias. Oposição nas ruas marcada para Setembro, não antes por impossibilidade de agenda...2ª quinzena, lá para dia 20, ok?

Ai Portugal Portugal...

Pois, não posso deixar de falar dos últimos desenvolvimentos da situação política nacional. Sempre achei que o Senhor Dr. Jorge Sampaio, mais alto magistrado da Nação, Ilustre Presidente da República, iria convocar eleições antecipadas. Não. A contrário de todas as expectativas, o Sr. Dr. Jorge Sampaio, mais alto magistrado da Nação, Ilustre Presidente da República depois de ouvido Conselho de Estado e demais individualidades consideradas pertinentes na tomada de uma decisão, decidiu convidar a maioria a formar governo e, consequentemente, aceitar o Dr. Santana Lopes como Primeiro Ministro.

Zangaram-se as comadres. Fiquei petrificada ante as declarações dos senhores deputados e /ou membros da Direcção do PS.
Pasme-se Drª Ana Gomes que tinha em consideração aquando da ”batalhas” por Timor Leste. Pasme-se a forma anti-democrática com que esta senhora comentou a decisão tomada pelo Senhor Dr. Jorge Sampaio, mais alto magistrado da Nação, Ilustre Presidente da República...arrependida de ter votado no Dr. Jorge Sampaio...porquê? Acharia a Drª Ana Gomes que num Estado de Direito Democrático, o Presidente da República é guiado por interesses partidários? Acharia a Drª Ana Gomes que o Dr. Jorge Sampaio é mais socialista do que Presidente? Acharia a Drª Ana Gomes que o Senhor Dr. Jorge Sampaio colocaria em risco a estabilidade para responder aos interesses do partido Rosa?...Creio que a Drª Ana Gomes, e esta opinião já não é de hoje, abandonou há muito a sua faceta dipomática...bem, deverá compreender-se que dada a decisão do Dr. Jorge Sampaio, a Drª Ana Gomes, viu negadas ou pelo menos adiadas as suas hipóteses de se tornar Ministra dos Negócios Estrangeiros...compreensível esta reacção emotiva, não?

E o Dr. Ferro Rodrigues.. Derrota pessoal e política? Amizade de longos anos com o Dr. Jorge Sampaio?
Mas andaremos todos confundidos? Que conceito de democracia, liberdade e divisão de poder é este do Partido da Rosa que acredita, ou postula, a amizade como factor de ponderação na tomada de decisões do Sr. Presidente da Republica?
Mas qual derrota Dr. Ferro Rodrigues? Por acaso houve algum sufrágio?
Outros notáveis houve, dentro do PS e demais partidos da oposição que emitiram outras pérolas democráticas....outros existiram a chamar à colação a referida amizade, outros houve a tentar confundir a população e a dar a entender que o Presidente teria cedido a pressões económicas...bem, Deus permita que o Sr. Dr. Jorge Sampaio tenha tido em consideração as consequências económicas...esquecem-se até que afinal de contas um dos principais problemas do nosso país é sem duvida de cariz económico? Ou será que o desemprego, os salários em atraso, a diminuição dos salários reais, a carência de hospitais e outros afins, não são problemas claramente do foro económico...não, secalhar não são, à luz das visão esquerdista, fica mal dizer...cai mal falar em economia, é preferível chamar-lhes problemas sociais....


Não sei se o Dr. Santana Lopes será uma solução para Portugal, não sei se a decisão do Dr. Jorge Sampaio foi a mais acertada, não sei se conseguiremos dar a volta, não sei se o PS conseguirá recuperar depressa desta “derrota”, não sei se o PS encontrará um líder capaz, não sei se gosto de não ter oposição determinada, hábil, firme, séria e que constitua de facto uma opção ao Governo, não sei se gosto de postura do PS, PCP e BE em jamais tentar acompanhar o Governo no sentido de, em cooperação, oferecer aos portugueses uma Assembleia da Republica coesa que, em união de forças e fazendo uso da multiplicidade de conhecimentos e sensibilidades, apresente a este País uma mudança, uma esperança, uma evolução.. Não sei se existe de facto, por parte dos portugueses um propósito sério em mudar e melhorar o país...não sei se há empenho ou motivação. Uma coisa estou certa, neste momento, apetece-me acreditar...depois, depois logo se verá.




Aqueles que tanto lamentaram a morte de Maria de Lurdes Pintassilgo, deveriam lembrar-se que esta não haveria de gostar com toda a certeza da forma insultuosa como se falou do Senhor Dr. Jorge Sampaio... mais alto magistrado da Nação, Ilustre Presidente da República...

Como nota final, é de sublinhar a ausência de quase todos...mesmo dos “amigos” à missa de 7º dia do Sr. Dr. Sousa Franco...parece que estavam lá dois..o terceiro, Dr. Ferro Rodrigues, nem entrou na Igreja...não fosse Deus cobrar-lhe entrada por não ser católico!

Friday, July 09, 2004

A minha sobrinha

A minha sobrinha chama-se “Tano”. Estranho, não è?
Foi assim que lhe passamos a chamar por um motivo qualquer de que já não me recordo, ou quiçá nunca soube ao certo.
Fica-lhe bem o nome Tano, da mesma forma que quase ninguém nesta família é chamada com o nome que consta do registo. A minha sobrinha tem um blog. Soube hoje e corri para lá. O blog da minha sobrinha é igual a ela. Inteligente, low profile, sincera, diletante....a minha sobrinha, esconde-se um pouco, não revela o que sabe, tão pouco o que muitas vezes sente. Contudo, em rasgos de emotividade ou de êxtase é capaz de brilhar. Sempre soube e gostou de escrever, e lembro-me que desde pequenina o faz. Sempre foi curiosa e bem disposta, sempre foi metódica (às vezes tanto!!!) e organizada, sempre foi acutilante e até inconveniente, sempre foi um pouco inconformada, sempre foi bem realista e creio que sempre soube o que valia. A minha sobrinha, Tano, ainda há bem pouco tem era uma bebé bem rebelde com cara de marota (pareço uma avó a falar) e que batia o pé ( e tudo mais que pudesse) se não lhe dessem o queria. Hoje, especialmente lendo o seu blog, surge na forma de uma menina mulher que sabe bem quem é, o que quer e para onde vai. Gosta de futebol, de musica, dos amigos, de sair, de namorar...(...), de saber, estudar e criar. A minha sobrinha, Tano, gosta da irmã e dos pais, do coelho e ...espero eu... também gosta de mim. Parabéns Tano. É bom ver-te por aqui e, sobretudo, perceber que és tudo isto...como o sorriso de uma lágrima.

The Smile of a Tear - Joan Miró


A minha sobrinha Posted by Hello

Pessoas

Isto dos blogs, fez-me perceber uma coisa: Há tanta gente a escrever bem neste País!
De facto, é impressionante notar, numa pequena ronda sobre os referidos, a quantidade de pessoas com ideias, com convicções, com lutas, com emoções à flor da pele, com interesses, com vontade de partilhar!
Por outro lado, não posso deixar de questionar o porquê desta estranha forma de comunicar, bem como o porquê de estas ditas pessoas não se encontrarem na rua. Salvo raras excepções, o facto é que ao longo de anos, sempre achei que as pessoas estavam cada vez mais vazias de ideias, mais apáticas, desligadas de tudo, amarradas a futilidades, medíocres mesmo...como é possível então ver blogs que possuem tudo isso que pensava ausente da grande maioria delas?
Às vezes são os textos, às vezes são as noticias, às vezes as imagens, às vezes as poesias, às vezes apenas uma frase, às vezes quase nada que tem tudo magnificamente exposto.
Mas será a solidão que nos remete a este lugar, mas será a falta de “encontros” com quem partilhar estas ideias, mas será incapacidade de falar, mas será a inaptidão para compreender o outro, mas será o embaraço de olhar nos olhos..?
Chego aqui, neste diário mais ou menos intimo a que também aderi num ímpeto de fingir à rotina, e sinto-me incapaz de fazer frente à eloquência do que leio, simultaneamente sentindo o imenso conforto de ficar aqui, juntinho às coisas bonitas que os outros vão dizendo...
A todos os bloguistas, a todos, escritores, jornalistas, opinion makers, poetas, etc, etc, o meu obrigada por me fazerem acreditar nas potencialidades da nossa gente.

Thursday, July 08, 2004


Ao Francisco Posted by Hello

O meu menino é d'oiro
É d'oiro fino
Não façam caso
Que é pequenino
Não façam caso
Que é pequenino

O meu menino é d'oiro
D'oiro fagueiro
Hei-de levá-lo
No meu veleiro
Hei-de levá-lo
No meu veleiro

Venham aves do céu
Pousar de mansinho
Por sobre os ombros
Do meu menino
Do meu menino
Do meu menino

Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino
No meu ternó
Levo o menino
No meu ternó


Kafka Manuel Posted by Hello

Finalmente consigo publicar a fotografia do meu cão..se isto não é beleza pura não sei o que será...

Vida

A questão do inicio da vida amplamente discutida em sede de legalização do aborto ( nunca gostei desta forma de colocar a questão), tem sido por demais abordada. De ambos os lados da barricada, vida a partir da concepção e vida/ pessoa apenas após o nascimento completo e com vida (!), surgem argumentos válidos. Não obstante surgem igualmente teses não cientificamente comprovadas e, como é natural na abordagem de um tema tão claramente melindroso, razões de ordem emocional e religiosa são tidas em consideração, levando, por vezes, à irracionalização dos conceitos.

Já tive mais convicções do que hoje relativamente a este assunto. Apartada das concepções religiosas, considerando que em termos legais se deveria despenalizar, de facto, a mulher que comete o aborto, isto a não ser que este consubstanciasse de facto a prática de um crime por via da conclusão do motivo fútil ou torpe que teria dado origem à sua prática, o facto é que, abstraindo de quaisquer considerações médicas sobre as quais não possuo conhecimentos, a realidade é que esta mulher que votou favoravelmente aquando do referendo, se apercebeu há cerca de um ano atrás que a vida e a pessoa existe logo após a concepção.
Foi numa manhã de Maio de 2003, com sete semanas de gestação. Nesse dia conheci o meu filho. Nesse dia, vi vida, vi movimento, vi um coração a pulsar. Nesse dia, apaixonei-me por aquele ser com cauda que ainda que sem forma humana, para mim, passou a ser o mais humano de todos. Rezei (e lá voltei eu às questões da reza) para que numa próxima visita à médica não me dessem uma má noticia...uma má noticia seria dizerem-me que uma qualquer má formação podia conferir-me o “direito” a abortar...mas aí, sinceramente, ante aquela certeza de vida, que faria eu, ainda que legitimada pelo Código Penal?
Estranha esta mudança que opera em nós quando em nós ou sobre nós se coloca a questão...estranha a lágrima de felicidade que verti quando vi a Pessoa que muitos e até eu, antes não considerariam Pessoa no sentido jurídico do termo. Estranho como agora colocaria mil e uma duvidas ante a solicitação de votar contra ou a favor do aborto....
Mas será que é preciso alterar alguma coisa....será que uma mãe, social e economicamente, comprovadamente, desfavorecida, sem condições pessoais ou familiares para prover ao sustento e educação, não está legitimada por uma das causas de exclusão de ilicitude previstas na nossa lei penal a praticar o aborto?.....

...A vida ...a concepção e o inicio....a pessoa e o feto.., o nascimento completo...a pessoa jurídica....o meu feto era com toda a certeza pessoa....



“Os Juízes do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiram não reconhecer o feto como uma pessoa no sentido jurídico do termo. Em causa esteve uma confusão no hospital onde a queixosa recebeu assistência e que fez com que a mulher perdesse o seu bebé.

Thi-Nho Vo terá sido confundida com uma outra paciente que pretendia fazer uma esterilização. O resultado foi um aborto provocado sem que esse fosse o desejo desta mulher de 36 anos.

Por isso pretendia uma indemnização por erro médico, uma pretensão negada de forma esmagadora pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que considerou que não é possível nem conveniente nesta altura responder em abstracto à questão em causa. Saber se o feto pode ser reconhecido como pessoa, um estatuto jurídico contemplado no artigo 2º - O Direito à Vida”.

Tuesday, July 06, 2004

If only tonight

Faço parte da geração que ia para o Bairro Alto porque em Lisboa, nessa altura, também não havia outro lugar para ir. Havia o Frágil, os três pastorinhos e outros tantos de que não me recordo o nome, quiçá porque mudaram de nome tantas vezes quantas as que mudaram de gerência. Nesse tempo ouvia-se the mission, Depeche mode, Cult, Smiths.., jesus loves Jezebel, the cure... Ouviam-se mais coisas, mas estes são os que me ocorrem. Hoje, volvidos mais de dezasseis/ dezassete anos sobre esses tempos vinha no carro e ouvi uma musica que me transportou para esse tempo. Tinha horas para chegar a casa e também tinha horas para tudo, tinha companhias de que os meus pais não gostavam, tinha a mania que sabia tudo, tinha todas as certezas do mundo, era profundamente convencida, era estuporadamente arrogante, era simultaneamente sincera e amiga dos meus amigos, era altruísta, era boa estudante..era até "certinha", era "namoradeira", era pseudo depressiva, não bebia, mas já fumava, era vaidosa q.b., gostava de me vestir de preto, tinha a mania de contestar tudo, ia a manifestações, faltava às aulas, andava de autocarro, apaixonava-me por gajos magros com semblante carregado, queria conhecer Berlim e Nova York, detestava os americanos (há coisas que nunca mudam...), lia mais do que leio hoje, passava trÊs meses na praia, tinha mais amigos do que amigas, escrevia poesias, não tinha net nem telemóvel, passava horas nos cafés e bares com os amigos, passava fins de semana alucinantes, aguentava directas...há dezasseis anos atrás... tinha todos os sonhos por realizar...


"If only tonight we could sleep
In a bed made of flowers
If only tonight we could fall
In a deathless spell
If only tonight we could slide
Into deep black water
And breathe
And breathe...
Then an angel would come
With burning eyes like stars
And bury us deep
In his velvet arms
And the rain would cry
As our faces slipped away
And the rain would cry
Don't let it end..."

The cure. Album Kiss me Kiss me Kiss me.

Monday, July 05, 2004

Gosto da vida que tenho

“(...) E agora a dor de ser já quem se não queria, ultrapassada a irremediável distância que vai do desejo ao seu fim, sem nada mais poder adivinhar. Saudades de mim. De quem nunca fui(...)”

Quase gosto da vida que tenho.
Pedro Paixão.

Como disse Pedro Mexia, critico literário (mmmmm), é tão fácil gostar do Pedro Paixão, como detestar. Eu faço parte dos que gostam. Dirão os mais ferrenhos intelectuais, que esta escrita é demasiadamente fácil, simples, linear. Que é sentimentaloide, que é escrita para venda, que é saldo de romance, que é margarida rebelo pinto na forma masculina despida de futilidades. Eu gosto. E não acho nada disso. E é fácil, sim senhor e até vem na forma de livrinho fininho!! Muito sinceramente estou-me marimbando para as adjectivações dos outros e para aquilo que os outros pensam e hoje apeteceu-me escrever Pedro Paixão. Sim, e até gosto do nome ...paixão...

Pela primeira vez o meu bebé tem estado doente. Tem uma viroso parva, prima do herpes que o resolveu assaltar este fim de semana. Chamam-lhe a quinta doença tal a vulgaridade da sua presença nas crianças. Não sabia nada disto. Ver o meu bebé com febre que não teimava em partir roubou-me as horas de sono e de sossego. Ficamos assim, estarrecidos de medo, orando para que passe depressa, pedindo a Deus ( sim, Deus parece estar muito mais presente desde há seis meses para cá...) para que não seja nada. Já está tudo bem, mas o facto é que isto me retirou a força anímica para escrever mais o que quer que seja.

Fiquem bem, os que ousaram aqui vir. Curiosamente ainda menos do que imaginei.

Friday, July 02, 2004

Day one

Acordo com um gritinho de alegria vindo do berço ao meu lado. Por segundos e desde há seis meses para cá o meu cérebro tem de fazer uma reflexão antes de iniciar a programação normal do dia. Sim, está aqui uma pessoa pequenina que de repente se instalou nesta casa e nesta vida e mudou tudo o que nesta vida existia. Mais que isso, preencheu um espaço (enorme!) que antes, pelos vistos, estava vazio mas cuja vacuidade não era perceptível. Nesses instantes de reflexão pré actividade matinal, sou forçada a transportar-me para o passado e rever o quanto tudo era diferente. Embora crente que estava cansada e que o tempo fugia, o facto é que nesse passado recente existia tempo para tudo. Mais um gritinho. E o tempo agora, agora de facto, passa e foge numa velocidade impressionante. Já houve um momento em que me deprimi pelo facto de deixar de saber de mim, de este tal gritinho me roubar tudo, até o tempo para um carinho àqueles que amo (além dele, leia-se) e, sobretudo, um tempo para me escutar um pouco a mim própria.

Tenho de agir depressa e deixar-me de reflexões estéreis sobre o passado.

Há tempo que ando para “inaugurar” este blog. Dantes tinha maior disponibilidade e mesmo mais inspiração ( e jeitinho!) para a escrita. No entanto, só agora quis ter um blog. Creio que, pelo menos para mim, funciona como uma espécie de catarse. Aqui poderei, por palavras ou imagens, deixar reflectida uma qualquer opinião, sentimento ou simples olhar sobre o facto do dia que me mais me marcou. Aqui poderei “estar” com os amigos com quem não posso estar de facto. Aqui poderei expor e expor-me.
Mundo estranho este dos blogs....há muito que questionei o porquê desta estranha forma das pessoas comunicarem entre si e, mais que isso, estarem a falar consigo mesmas. Acho que é ponto assente que esta é uma forma subtil de recorrer a uma terapia. Esta é uma nova terapia. Porque há coisas das quais não falamos com ninguém, porque há coisas que temos para dizer e não fazem sentido ser ditas senão por esta forma. Imaginem ligar a alguém a dizer uma poesia de Fernando Pessoa...ridículo, não? Mas aqui faz sentido, porque há dias em que podemos acordar e pensar numa poesia de Fernando Pessoa, porque há dias em que podemos imaginar uma paisagem da Patagónia ou um quadro da Paula Rego e não é por telefone, nem à mesa do jantar que vamos dissecar sobre esse assunto.


Nesta sessão inaugural do blog, é forçoso sentir que existem demasiadas coisas para dizer e ser impossível dize-las todas. Porque isto de escrever não é tão célere como falar e porque a nossa cabecinha se atropela numa sucessão de pensamentos impossíveis de transcrever ao mesmo ritmo.


O meu Francisco, dono do citado gritinho, está na escolinha. Não vou mentir, é bom ter estes intervalos. Não vou mentir, é difícil deixá-lo todas as manhãs. Mas o facto, que também não é mentira é que soube bem voltar ao trabalho e a estes instantes roubados para mim.


Logo á noite, coloco este meu post, é assim que se diz não é?
Logo á noite quando tudo tiver calmo e a o silêncio invadir a casa. Quiça, terei vontade de inundar este blog de fotografias do meu bebé, dos meus amigos, do meu cão, de textos de poesia, de textos de prosa, de ânsias, de saudades, de medos, de alegrias, de cores, de noticias, de opiniões, de simples dissertações..haverá tempo para tudo, não é meus caros bloguistas (também é assim que se diz, não é?)?
Devo encerrar este post com uma coisa bonita e por isso mesmo aqui vai uma fotografia de uma das coisas mais bonitas que me aconteceu na vida. Chama-se Kafka. Temos uma relação que aos olhos de muitos será incompreensível. Afinal é apenas uma cão. Pois....este cão é a minha sombra, a sombra de todos cá em casa. Sempre atrás, sempre no meio do caminho, sempre pronto a beijar, sempre pronto a dar um carinho, sempre pronto para brincar, sempre exagerado em tudo o que faz, sempre cheio de alegria de viver, sempre aqui...não tem mudanças de humor, nem acorda mal disposto. Não se irrita, não critica, não se revolta, não inveja, não tira, não mente, não se zanga. A casa sem o Kafka é uma imensa casa vazia. Nos olhos do meu Kafka, encontro a mais profunda sinceridade do mundo e, até hoje, apenas nos olhos do meu filho e do meu cão fui capaz, de alguma forma, de acreditar que Deus existe.


Obrigada a ti, tu sabes quem, por teres dado origem a este blog e já agora obrigada por teres dado origem a tudo isto que é hoje a minha vida.



Agora umas coisinhas mais prosaicas, ou nem tanto:


- Fogo consome Tavira (parece que já extinto): Não deixo de questionar a passividade anual relativamente a este flagelo dos fogos. Não vejo campanhas suficientes, não vejo limpeza de matas, não vejo propaganda cívica, não vejo VONTADE de colocar um fim a este problema.


Primeiro Ministro Presidente da Comissão Europeia: Portugueses mostraram nas ultimas eleições qual o seu interesse pelas instituições europeias. Tal como no caso anterior, ainda não vi qualquer tipo de “campanha” que elucide de facto qual o peso e função da CE. Tenho pena. Mais pena tenho que aquando dos debates entre os cabeças de lista às ditas eleições o tema fulcral tenha sido o déficit, ou antes o “pai do déficit” ao invés da discussão dos problemas europeus.
Durão Barroso, perdoem-me José Manual Barroso, colocou o seu interesse acima do interesse nacional. Não gostei, mas também convenhamos que este é o comportamento típico de todos. Porque , meu senhores, gostaria de saber qual é o político que não o faria..quiça Sócrates ou Fédon?

Eleições antecipadas: Confio, ainda, no bom senso do Senhor Presidente, Dr. Jorge Sampaio. Imparcialmente deveríamos todos fazer uma reflexão sobre as consequências das referidas eleições antecipadas. Obviamente que do outro lado da balança surge o Santana Lopes...bem e do outro lado ainda ( que esta balança tem design de Phillip Stark) surge Ferro Rodrigues....pois.... e a Constituição que dirá? e o Dr. Vitor constâncio do Banco e Portugal que terá dito?.....Vamos ser mais sensatos que apaixonados, ok?

Internacional: Negativo : Al-Qaeda avisa Europa do fim da trégua......

Positivo: “O telescópio espacial Hubble pode ter descoberto cem novos planetas, na órbita de estrelas da nossa galáxia. A descoberta é o resultado da observação de cerca de mil estrelas da Via Láctea”.


Futebol: não podia deixar de ser.
Gosto do orgulho das bandeiras, gosto dos gritos e das comoções. Gosto de ver o Figo “sambar”, gosto de achar que também ganhei, gosto de perceber que no meio de um país sem rei estamos todos felizes a invadir as praças e a gritar vitória. È tipicamente português sermos assim...ainda me falam em Fado????

Marlon Brando: Morreu um dos homens mais belos do cinema. Há lodo no cais, um filme a não perder. Para rever, para o homenagear.


Novo disco de pj harvey..hum hum her...para ouvir. Das poucas que não desilude disco após disco e com franqueza, gosto daquele ar despojadamente rebelde quase roçando os limites da vulgaridade.

Shrek!!! Voltou!!!
Nemo: DVD para comprar.

Um bom fim de semana a todos, mesmo que muito poucos, que me resolverem vir visitar.


(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

"Resíduo"

Carlos Drummond de Andrade

Dedicado a Sophia de Mello Breyner, também falecida hoje.



Por ignorância técnica ainda não foi possivel anexar a foto do meu cão. Fica para outro dia. Essa e outras.