Wednesday, July 28, 2004

Silêncio

 
SUDÃO. SILÊNCIO. SILENCIO. MUITO. DEMAIS. TODOS NÓS. CUMPLICIDADE. HIPOCRISIA. SILÊNCIO. ALI AO LADO. MORREM CRIANÇAS COMO A MINHA. SILÊNCIO. AQUI AO LADO. HORROR. SUDÃO. APERTO.TODOS NÓS. CULPADOS.SUDÃO.

5 Comments:

Blogger Deb said...

Pois é, ainda há pouco na 5 de Outubro um rapaz, que sempre vagueia por ali, com os seus 7 anos não sei, de origem que parece de leste mas com uma cor já cigana, abordou o Polo branco riscado da Baba. Senti como que uma parede colada à minha face esquerda que não me permitiu olhar para a criança. Muitos comentamos, incluindo eu, como quem pensa ter razão, "eles que vão trabalhar, têm braços e pernas para isso", mas o facto é que as crianças não escolheram andar ali... não escolheram mesmo. Mas agora que se habituam a vaguear, talvez um dia encarem com naturalidade esse hábito como vida. E nós, dentro dos carros, vamos dizendo que um dia ajudamos, que as coisas vão mudar... Serão todos diletantes como eu?

10:34 AM  
Anonymous Anonymous said...

Miséria. Fome. Abandono. Tragédia.
E, ainda, há aqueles que só conseguem olhar para o próprio umbigo. Como conseguem?
Posted by: Nikki

12:46 PM  
Blogger SK said...

O problema do Sudão faz recordar os horripilantes massacres do Rwanda, ou o que sucedeu na Serra Leoa. E agora, como nessa altura, gostaria de saber onde andam os argumentos da polícia do mundo, o seu desejo de intervir sob a égide dos direitos humanos. A verdade é que a organização do mundo enquanto a concebemos vai acabar por rebentar com o mesmo, precisamente quando a natureza achar que nós já não nadamos a fazer aqui nada. Assim como o fez nos dinossauros, a natureza pode varrer-nos num ápice, dando voz ao postulado do matemático Malcom no livro de Crichton "Parque Jurássico" no qual ele diz que a raça humana tem a pretensão arrogante a antropocentrista de que o mundo e por sonceguinbte, a terra, precisa dela. O planeta não precisa de nós para nada, e ou nós resolvemos arrepiar caminho e cair nas suas boas graças, ou ele simplesmente livra-se de nós.
E se razão havia para ser agnóstico, entender que haverá uma qualquer entidade superior e inteligente quye permite que algo como isto aconteça, então faz com que o juízo e discurso dogmático pareça mais ofensivo que idiótico. Aos inocentes, como aos infelizes, apenas lhes resta resignarem-se. Onde está aculpa deles para o que lhes acontece?

12:30 PM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

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6:44 AM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

A tal "entidade superior e inteligente que permite que algo como isto aconteça" não se rege por espaços temporais tão limitados quanto os que aqui se fala. A tal entidade superior, por não ser um dogma, não se limita a observar o que vai bem e a corrigir o que vai mal, mas Ela própria faz parte do processo, Ela é o processo. Há concepções religiosas que dizem que o Deus está ausente, que fez o mundo e dele se ausentou, para mais tarde voltar e apreciar a obra. Há muitas formas de olhar um (o) Deus que, como já foi dito (com grande sapiência), e acredito, é a nossa imagem e semelhança, pois Ele é a grande união do multiplo, a convergências das almas num ponto, o pensamento todo feito dos pensamentos que nós temos e outros como nós tiveram, e outros como nós irão ter. Só no paradoxo se pode perceber esta união do multiplo.

Peguemos no exemplo do corpo que sofre porque um dedo do pé sofre, e com ele arrasta todo o corpo na dor. Não há muito que o corpo possa fazer para minimizar a dor do dedo, pois o dedo tem autonomia no corpo ao qual pertence e, mesmo assim, o corpo sofre sem nada poder fazer. Parece-me pensamento estreito achar que Deus é um dogma, algo que é imutavel, parado no tempo, assistindo impávido ao decorrer da existência. Isso seria limitar Deus à única coisa que mais o caracteriza: o verbo. Verbo porque não é ajdectivo, nem bom nem mau, nem substantivo, pois não necessita de ter nome (um nome só existe para se distinguir de um outro). Sendo Deus o Verbo (coisa que mais acredito estar próxima da verdade), não pode estar retido num espaço-tempo limitado, mas sim na passagem do tempo, na própria existência.

Pegando ainda sobre outro ponto de vista, sempre na linha Agostiniana que me caracteriza, diria que Deus é superior por ser tão plenamente abrangente, por ser o pensamento que se pensa a si próprio, por sofrer com cada pensamento que existe sofrendo, por ser o espelho do que o pensamento na terra pode ser. Acredito que pensar no Sudão pode ser dificil a um homem, a muitos homens, e mais do que pensar o Sudão, será dificil viver (sobreviver) no Sudão.

Não critico Deus por não resolver os problemas, mas congratulo-o por me dar pistas para os resolver. Ele dá-me pistas para os resolver na medida em que ele próprio as cria quando as dá, ou seja, não existem à priori, e ainda na medida em que eu próprio em conjunto com os outros, encontro soluções. Ele e eu, e nós, somos uma e única massa. Ele só pode superar um obstáculo quando esse obstáculo for ultrapassável por quem o puder ultrapassar. Penso ser esta a base do livre arbitrio. A fome não é curada por Deus, a fome faz parte de Deus e também Deus sofre com a fome. Não podemos distinguir o pensamento de Deus do nosso. Se conseguimos sofrer a quilometros de distância do Sudão (mesmo que por apenas breves momentos, quando vemos imagens destas e delas falamos... e ainda bem que assim é, caso contrário a depressão seria o mais provavel), pela fome da gente que por lá passa, também Deus a sente. Se nos propomos a ajudar a1quela gente, é essa a forma de Deus ajudar.
Como poderei explicar melhor uma coisa que não sei explicar? Também me considero próximo do agnosticismo, alíás já me intitulei agnóstico. Hoje em dia considero-me religioso, e isso basta-me.

Sou religioso pois acredito na união, na convergência do que EU SOU (EU, em mim, os outros em mim, e eu nos outros) e do que EU NÃO SOU (os outros neles) num ponto, o ponto onde Eu, eu nos outros, os outros em mim e os outros neles se tornam um só que já era.

Mais tarde, se alguém gostar de discutir este assunto (coisa que gostaria muito que acontecesse) tentarei desenvolver esta "consciência" de sermos nós nos outros e os outros em nós...

Por agora, e já quase baralhado, termino o que escrevo. (Estou desejo por por ler isto tudo para ver se faz algum sentido)

6:52 AM  

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