Thursday, September 30, 2004

inês


A Inês nasceu dois ou três dias antes do meu Francisco. Vive com os pais dois prédios antes do meu.

Quando o Francisco e a Inês tinham poucos meses de vida, eu a mãe dela costumávamos encontrarmo-nos no jardim e alí ficávamos a comparar as medidas, as gracinhas e as noites mal dormidas dos nossos filhos.
A mãe da Inês era uma mulher bonita, com ar fresco e leve.
Há semanas que não via a mãe da Inês.
Estava hoje no café. Tem o cabelo rapado e perdeu as sobrancelhas. Perdeu a cor das faces e o traço das feições foram transformados pelo inchaço.
A mãe da Inês parece estar doente. Com uma daquelas doenças que todos evitamos dizer o nome.
Tinha a Inês ao colo. Está grande e bonita. Sorria e dividia cumplicidades com a mãe.
A mãe da Inês fez-me repensar tanta coisa.


Creio que só a Inês faz a mãe sorrir.

Um embalo para vocês

"Que leve, leve é o meu menino
Que o vento o leve pra sonhar
Que o sonho o pouse de mansinho
Na mansa luz do acordar
Que acorde em cama bem quentinha
E quente enfie o seu roupão
E encontre a porta da cozinha
E encontre o doce, o leite, o pão"

Sérgio Godinho

Escolhas

Ainda no outro dia o meu filho nasceu e já hoje, eu e o pai dele andamos a querer traçar-lhe o destino.
Os dois jovens, eu e o pai dele, saíram no outro dia dos respectivos locais de trabalho e aproveitaram a sua hora de almoço para percorrer e solicitar visitas e informações nos colégios em redor da afamada e “bemzoca” zona de Cascais.
Não, não fomos às escolas publicas. Sim, fomos aos colégios pejados de portões e porteiros, ginásios e espaços lúdicos. Têm cardio-fitness e judo, têm natação e campos de voley. Têm salas amplas e com luz, têm muitos wc´s e cantinas arranjadas sem mácula de gordura. Em alguns os miúdos usam farda e coitadinhos andam sempre de azul. Imaginei-me logo a querer vestir as minhas roupas mais giras para conquistar os rapazes e ter de ser obrigada a ir para a escola de saia de pregas, mas enfim, isso agora não vem ao caso.


Eu e o pai do meu filho não somos católicos. Somos ambos ex alunos de Escola Preparatória e Liceu Públicos e ambos ficámos com as respectivas maezinhas até irmos para a escola Primária. Também ela publica. Somos ambos meninos cujos tempos livres eram gozados na rua, respectivamente a jogar à bola, ele, a brincar ao elástico, eu.

Ambos entrámos na faculdade, ambos completámos os cursos superiores com sucesso e hoje até estamos bem na vida, especialmente se comparativamente ao infeliz quadro de desemprego e/ ou emprego precário que existe no nosso país. Pronto, secalhar poderíamos estar colocados como assessores de Governo ou da Caixa Geral de Depósitos, mas o facto de não termos frequentado a universidade católica ou o colégio São João de Brito, implicou que não fossemos hoje amigos de gente bem mais influente da nossa terra.

O que pretendo dizer com isto, é que eu e o pai do meu filho, assumidamente não católicos, não casados e sem filho baptizado, andamos, contrariamente ao que seria de supor, a fazer visitas a Colégios privados, cujo lema é “"Formar bons cristãos e honrados cidadãos".
Concordo com parte final do lema, e gostaria que o meu filho, se torna-se sobretudo um cidadão honrado. Estou.me marimbado para se o gajo vai ser Advogado ( Deus queria que não...), Engenheiro, artista plástico, carpinteiro ou médico, aí deixo-lhe o caminho aberto. As escolhas para um percurso de vida em termos profissionais, são para mim o espaço mais privado e subjectivo que existe, não pretendendo de forma alguma interferir nas decisões que o meu filho um dia venha a tomar.
Mas ele tem agora 9 meses e dos três anos até à idade da referida escolha, tenho de ser eu, ou antes nós, a escolher.
Tarefa difícil, talvez um da mais difíceis da maternidade/ paternidade. A necessidade de escolher e assim traçar ao meu filho um rumo, impor uma escolha que, se acaso ele tivesse voz e poder decisório, seria totalmente descartada e substituída por outra.

Mas voltemos aos Colégios.
Lembro-me que na minha escola preparatória e Primária, não haviam baloiços nem escorregas. O espaço verde era quase nulo, o ginásio tinha humidade, as salas eram geladas e exíguas, as cadeiras partiam-se e no refeitório a comida era intragável.
Lembro-me também que de vez em aquando os ciganos do bairro vizinho “assaltavam” a escola e nós, os meninos, tínhamos que fugir para dentro dos wc’s.. Raros e sujos.

Lembro-me também que havia muitos furos em que ficávamos para alí a brincar e que muitas vezes esses furos eram tantos que íamos para casa, onde, como é obvio, as nossas mamãs nos esperavam com lanches fabulosos e passeios no jardim.


No Liceu, também havia uns bancos onde se namorava e que outros tantos aproveitavam como poiso para fumar uns charros. Havia um porteiro, velhote e simpático que nos deixava sair sempre que queríamos e entrar sempre que não tínhamos aulas. Acho que o porteiro às vezes até dormia na sua barraquita.
Nessa idade fartava-me de faltar às aulas e só quando as faltas estavam quase no limite é que o meu pai recebia um cartão da Directora de turma. Tudo se resolvia com uma reunião. E depois no ano seguinte eu voltava a faltar...
Quando descia as notas, quando tinha negativas, ou quando andava visivelmente desmotivada para as aulas, ninguém, absolutamente ninguém me questionava sobre tal, como se o desmotivar ou as más notas fossem um acontecimento vulgar. Acho sinceramente que ninguém naquele local se importava com nenhum de nós.
Os professores também faltavam muito, para jubilo de todos nós, alunos.


Alturas houve em que no inicio do ano lectivo e até muitas vezes ao inicio do 2º período, não tivemos professor de uma determinada disciplina.
Mas mais uma vez ninguém se importava com nada.

Tinha dias sem aulas e nos dias de aulas regressava a casa ou aonde quer que me apetecesse ir, bastante cedo.
Como sempre tinha a minha mãe em casa, já não ía ao jardim, mas o lanche ainda me esperava.


Conheci de tudo no liceu, tal como sei que o meu filho vai conhecer seja lá no liceu, seja no colégio onde prometem modelá-lo como bom cidadão.
Sei também e desejo muito que ele brinque na rua, e vá ao jardim e eu, mesmo depois do trabalho lhe possa fazer muitos lanches. Também sei, também desejo, que me encha a casa de putos e fumem à janela, e namore no quarto dele e, se quiser, que feche a porta à vontade...


Mas sei também o que não quero. Não quero que o meu filho venha para casa sozinho com seis anos de idade, não quero que ele chegue a uma casa que estará vazia todo o dia e tenha sozinho de fazer o almoço num fogão aonde mal chega. Não quero que se sinta só, e não quero que se agarre todo o da á Playstation para matar a solidão. Não quero sentir-lhe o medo que eu sentia quando os ciganos assaltavam a escola. Não quero que chore porque não gosta da escola, como eu chorei porque tudo nela me provocava asco. Porque era feia e suja, porque ninguém olhava para mim, porque todos, e juro todos, os que lá davam aulas se estavam perfeitamente cagando para as criancinhas.
O que quero para o meu filho é uma escola onde o Sol invada as salas, onde, nem que seja um bocadinho apenas, os professores o tratem com respeito e atenção, onde haja uma cantina com cheiro a sopinha acabada de fazer, onde haja um ginásio sem humidade, onde haja um campo digno para ele jogar à bola sem o risco de lhe cair uma baliza em cima, onde haja muitos lápis de cor e muitos quadros de ardósia. Onde lhe ensinem matemática da forma diferente à que me (des)ensinaram a mim.

O que quero para o meu filho é que ele volte da escola e vá brincar para a rua e me chegue a casa cheio de lama, mas que depois disso, no dia seguinte quando acordar de manhã o faça com o mesmo sorriso que faz agora quando vai para a creche...e eu, e o pai dele, possamos confiar que naquelas horas em que trabalhamos, o nosso filho está num local acolhedor, tão acolhedor quanto a vida que lhe queremos oferecer.
Se ele vai ser bom cristão, se bom cristão for ser boa pessoa, se vai ser bom cidadão e se isto é ser boa pessoa, então gosto do lema...escrevia-o era de outra forma.


O meu pai andava na escola de Estremoz. Isto foi à cerca de sessenta anos. O meu pai tinha de percorrer quilómetros a pé para ir para a escola. O meu pai passava frio para ir para a escola e, chegado lá, se tivesse atrasado, ainda recebia a recompensa de uma boa reguada.
O meu pai, é hoje um bom cidadão e, creio eu pela luz do seu olhar, atingiu na vida todos os objectivos a que se propôs. Mas ainda hoje, por cada regresso a Estremoz, a voz do meu pai treme ao descrever a sua vida escolar.


Creio que o meu pai deseja outra coisa para o neto dele.




Wednesday, September 29, 2004

Parabéns

Hoje eu e o meu Luis, celebramos mais um aniversário da nossa união. Parabéns a nós.
Obrigada por compreenderes a minha loucura e por estares sempre ao meu lado em cada sorriso e no amparo de cada lágrima.
É um facto, somos felizes.
O resto que há para ser dito fica entre nós....é segredo....schiuuuu.


Monday, September 27, 2004

JOANA





Posted by Hello





A Joana nasceu sem infância e cresceu sem idade. A Joana, morreu sozinha e sem paradeiro. A Joana estava perdida e só. morreu só e encontra-se perdida. A Joana, é igual a tantos milhares de outras crianças. De olhos vagos e mãos vazias de mãe. A Joana é a filha do alcool e do nada, de gente que não é gente. É criança a quem nem tiveram de roubar nada pois já nasceu desprovida de tudo. A Joana é a menina que foi morta e ainda não foi encontrada. É a menina igual a tantas outras a quem eu peço desculpa por ter tido uma tão breve e tão má existência.
será, Joana, que algum dia, algum instante da tua vida tiveste um momento de felicidade? Deram-te uma barbie, Joana, ou algum dia acresditaste no Pai Natal?
Algum dia, Joana, alguém te aconhechegou os lençõis e de te afastou os "papões"?
Desculpa, Joana....desculpa-nos a todos, Joana.





Crianças

Ando fugida. Ando desligada do meu jardim. As rosas hoje foram regadas, mas apenas posso cuidar delas depois de cuidar de tantas outras coisas pendentes. Não, não se preocupem, estou feliz.
Hoje é segunda-feira e hoje custou-me por demais deixar o meu filho na creche. Coisas de mãe.


Thursday, September 16, 2004

Desenhando

"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos tenho um guarda chuva
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando,
Contornando a imensa curva norte sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela,
Branco, navegando,
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo,
Sereno, lindo,
E, se a gente quiser,
Ele vai pousar
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida
De uma América a outra
Consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha
E caminhando chega num muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo(que descolorirá)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo(que descolorirá)
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo
(que descolorirá)
Corro o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
(que descolorirá) "

Toquinho e Vinicius


Todos os sonhos do mundo para ti, Francisco.



A ver:
http://www.laboratoriodedesenhos.com.br/aquarela.htm

Wednesday, September 15, 2004


flowers Posted by Hello

Mãe

Ser mãe é


Ficar presa a montras com roupas dos 6 aos 12 meses;

Entrar na Fnac e comprar o utlimo cd do Bataton;

Entrar nos cafés invariavelmente a cantarolar “É o amor, é o Amor, ele é o meu Amor”, Letra e musica da autora;

Acordar todas as manhãs com a mesma vozinha vinda lá do fundo e não ter a mínima, leia-se, a mínima, tendência para maldizer o dia;

Passar os Domingos a preparar sopas e outras refeições e chegar ao fim do dia com uma sensação boa e simultaneamente estúpida de realização pessoal;

Deixar de ler quando se chega à cama, porque quando se chega à cama é para dormir;

Passar a ver os filmes em dvd e só esporadicamente ir ao cinema, saída que é de resto motivo de verdadeira celebração;

Ter o telemóvel ligado no cinema....caladinho mas trepidante....

Perceber que sou importante para alguém;

Ter como pano de fundo, a cada milesimo de segundo, o traço da sua boca, a expressão do seu acordar, o brilho daquele olhar,

Chegar a casa e por-me a dançar que nem uma louca ao som dos “Patinhos”;

Aparecer nas fotografias sempre acompanhada por ele;

Não ter tempo;

Pedir a Deus, todos os dias, para que nada de mal lhe aconteça;

Pensar em quase todas as minhas opções em função dele;

Quere-lo sempre pequenino;

Ir quase todos os dias ao supermercado;

Conhecer a senhora da mercearia e encomendar mangas e peras;

controlar os impulsos para comprar os mil e um bonecos a que ele não liga nenhuma;

Chorar no concerto da Madonna ao som de Imagine;

Imaginar como será o proximo Natal, não pelas minha prendas, mas pelas reacções dele às prendas dele;

Olhar para alguém com 70 cm de altura e 9 kg de peso e encontrar alí o grande amor da minha vida;

Amar ainda mais o pai dele desde que se tornou pai dele.




Nota: Este tema já foi abordado noutros blogs tanto do ponto de vista da mãe como do pai. Não me quis deixar ficar para trás e, sem plagiar, também eu quis abordar o assunto.

Nota 2: O meu enfoque, pela razão de ser mãe, passou a ser muito mais o meu filho, razão pela qual temo, receio, senão mesmo tenho a certeza, este blog, se sobreviver aos meus impetos de fecho, tornar-se-a´com toda a certeza tendencialmente piroso-maternal.

Tuesday, September 14, 2004

A todos vocês que tecem comentários acesos a propósito dos mais de cem euros que se gastam para ver a brejeira dos crucifixos, e que, de forma subtil, me atacaram quer em termos do dinheiro gasto , quer em termos da minha cultura ou do atentado que significa ver a citada senhora logo mais à noite, porque entendo que este tema não me merece mais comentários e os que tinha a dizer já fiz por e-mail, apenas quero pedir, dadas as vossas convicções sociais e preocupação com o v/ semelhante, que se deixem de discussões e preencham o formulariozinho para doação de medula.

Logo mais vou ver a Madonna, com o meu dinheirinho gasto e com menos uns jantares fora ao fim de semana. São opções Nuno, e nunca mais me digas a mim o que é amor pelo dinheiro. Aliás, amor não tenho, de facto não.Mas não te esqueças também, Nuno, que em tempo de trabalho, na função publica, esse teu dinheiro, é também o dinheiro que amanhã pago em impostos e o tempo que essa internet está ligada e te prende a atenção é o meu dinheiro que se esvai em minutos rede. O meu dinheiro, Nuno, fruto de horas de noites sem dormir, de licença de parto que não tive, de tempo de desemprego que bem sabes já passei, é fruto de muita coisa que deixo de fazer, de tempo que passo frente a um computador, de férias curtas ou inexistentes e de muitas outras coisas que deverias saber.

Se tivesse o tempo ou a disponibilidade escreveria sobre tudo o que os ultimos comentários encerram, sobretudo escreveria sobre essa vossa intolerância e pela forma gratuita como me insultaram.

Beijos.

Medulla

A ouvir. A Gostar e a habituar a gostar.
Diferente este som que vem de longe. calmo. Muito calmo.
Bjork.

Ainda o transplante de medula óssea

Só mais uma coisa...não custa nada a inscrição no cEDACE, imprimam o pdf, preencham e enviem. Se forem chamados, será retirado sangue para análise e, em caso de compatibilidade a medula será retirada por duas formas alternativas, uma menos "penosa" que outra.

Vá, façam lá alguma coisa!!!!



http://www.chsul.pt.





APELO

Será que vamos ficar outra vez todos sentadinhos, muito descansadinhos, muito alheios, muito sensibilizadinhos, muito passivozinhos ante isto:


>"POR FAVOR LER E DIVULGAR!
>>> > >> >Eu sou a Andreia, tenho 22 anos, sou Educadora de Infância
>>> > >> >recém
>>> > >>formada e
>>> > >> >moro em Lisboa.
>>> > >> >Sucede que até há pouco tempo a minha vida decorria
>>> > >> >normalmente e
>>> > >>feliz até
>>> > >> >que me foi detectada Leucemia que se veio a verificar ser do
>>> > >> >tipo
>>> > >>Mieloide
>>> > >> >Crónica poderei ficar totalmente curada se receber uma
>>> > >>transplantação de
>>> > >> >medula óssea. Constatamos que tanto os meus pais como irmã não
>>> > >>são
>>> > >> >compatíveis para o efeito ... como tal procuro um dador. Todos
>>> > >> >os esclarecimentos podem ser obtidos no site do CEDACE
>>> > >>-Centro de
>>> > >> >Histocompatibilidade do Sul http://www.chsul.pt. O meu nome é
>>> > >>Andreia
>>> > >> >Margarida Morais e Mota.Poderá contactar-nos através do
>>> > >> >966886302
>>> > >>ou
>>> > >> >motaandreia@hotmail.com O possível dador não corre qualquer
>>> > >>risco
>>> > >> >ficar-lhe-ia eternamente grata se me puder ajudar! Caso não
>>> > >> >seja
>>> > >>possível,
>>> > >> >agradeço na mesma a sua atenção e desejo-lhe toda a felicidade
>>> > >>que eu
>>> > >> >gostaria de ter.
>>> > >> >
>>> > >> >Um beijinho
>>> > >> >
>>> > >> >Andreia
>>> > >> >P.F., não ignorem a mensagem. Ler e reencaminhar não custa
>>> > >> >nada.
>>> > >>Obrigada."


Monday, September 13, 2004

Post mediocre a propósito dos comentários tecidos ao post anterior

A propósito dos comentários do meu amigo Hugo ao post anterior:


De facto, a Madonna, produto de marketing fantástico, não terá muito a dizer em termos culturais, isto leia-se contudo, em termos muito restritos, pois Hugo, a cultura deverá ser entendida não apenas como as coisas que ficam bem ler, ouvir ou ver, mas sim como todos os produtos que, de alguma forma, influenciam ou inovam e, sobretudo, modificam um determinado status quo.

Espectáculo pirotécnico, creio ser quase ofensivo. Não à Madonna, mas a mim que até nem gosto de pirotecnia, tal como acho ofensivo a tua defesa de que Pink Floid valerão mais, do ponto de vista cultural, à dita senhora. Pois, Pink Floid a mim fazem-me dormir, as letras resumem-se a lamentos soturnos com alguns laivos de mensagem . Mas é cultura, isso não tenho duvida, apenas não gosto. Tal como o é Madonna, que tu não gostas.

No fundo, Pink Floid, Madonna ou Jorge Palma, todos, sem excepção, se estão perfeitamente cagando para as mensagens, fazem o que gostam e fazem o que vende. Dos três referidos talvez o mais coerente a té seja o ultimo que toca bem, escreve melhor tem voz de bagaço e não usa lazer nos concertos.
E todos nós, Hugo, esquecemos todos os dias a fome no Sudão. Não venhas tu criticar , pois não acredito que deixes de dormir por causa disso. Ou serás tipo Santana Lopes que não dorme á custa dos desempregados?
Quanto ao dinheiro que custa um bilhete, eu não sou das que me tem queixado. Trabalho, mas também já tive sem emprego, pago todos os impostos pontualmente, cumpro minhas obrigações, faço oficiosas (nao sei se sabes mas estão em divida honorários devidos pelo Estado desde o ano de 1993!!!), não devo dinheiro a ninguém e nem sequer tenho leasings ou ald’s, e depois de meses sem poder sair, dou-me o direito e que ninguém o questione, de gastar mais de cem euros em duas horas para ver a Madonna. E alguém tem alguma coisa a ver com isso?
Sim, critico aqueles que devem e se queixam mas que logo ou amanhã estarão no Atlântico. Quanto a mim, não reeinvindiquei aumento salarial, nem pedi aos meus pais, ao vizinho ou à Cofidis o dinheiro para o concerto! Deixem-nos mesmo ser felizes e esquecer o Sudão!! E não sejamos hipócritas, ok?

Fiquei mesmo ofendida, Hugo. A brejeirice dos anos 80 traçou-me a juventude. Sou “filha” dos Duran Duran e até vi o Top Gun. Vergonha????


Mas porque será que temos todos de consumir o arrogante Saramago, ouvir a musica da Radar e trajar de escuro com olhos postos no chão? Isto é que fica bem?
O que eu queria, Hugo, é que a Madonna passasse pelo Sudão, e a todos fosse possível lá estar, trajando tons claros, olhando para o alto, entoando as musicas em uníssono e bridando a vida que hoje lhes foge pelas mãos, gozando da tal pirotecnia. E queria que saíssem dalí e tivessem pão para comer e água potável para beber ...queria lá saber se o que cantavam era Maddona ou Joy Division!

.
Post básico do estilo "mas olha lá!"...

POP Music

Isto de se dizer que se vai ver a Madonna parece que cai mal em algumas franjas da sociedade. Muitos não esquecem o tempo dos crucifixos e da brejeirice da menina...eu também não.
Mas existe em alguns, incluindo eu, esta imensa admiração. Acho graça ás musicas vivas e ritmadas, sem lamurias pseudo neuróticas. Acho graça à cor e ao movimento, aos dentes afastados da mulher e, sobretudo, à inquestionável capacidade de mutação pessoal. Não se pode desmentir a capacidade da madonna em crescer, em criar, em fixar modas, em criar estilos, em chocar, em conseguir marcar. Cresceu, melhorou e está na história. Porque não há licenciaturas, nem culturas, nem livros nem discos, que nos façam ser indiferentes ao fenómeno. Aprecio a Madonna pela musica indolor, pelo estilo sempre fashion, pelos tais dentes afastados, pelo corpo musculado, pela energia, pela sobrevivência e inovação. Aprecio a Madonna sem pudores. E Amanhã, toda contente, vou ver a Madonna e não vou esconder de ninguém porque não tenho vergonha de, de quando em vez, gostar de coisas assim...POP...Muzikkkkk.


Friday, September 10, 2004

Lembras...?

if i should die this very moment
i wouldn't fear
for i've never known completeness
like being here
wrapped in the warmth of you
loving every breath of you
still my heart this moment
or it might burst
could we stay right here'til the end of time,
'til the earth stops turning
wanna love you 'til the seas run dry
i've found the one i've waited for
all this time i've loved you
and never known your face
all this time i've missed you
and searched this human race
here is true peace
here my heart knows calm
safe in your soul
bathed in your sighs
wanna stay right here'til the end of time,
'til the earth stops turning
gonna love you 'til the seas run dry
i've found the one i've waited for
the one i've waited for
all i've knownall i've done
all i've felt was leading to this
all i've knownall i've done
all i've felt was leading to this
wanna stay right here'til the end of time,
'til the earth stops turning
gonna love you 'til the seas run dry
i've found the one i've waited for
the one i've waited for
wanna stay right here'til the end of time,
'til the earth stops turning
gonna love you 'til the seas run dryi've
found the one i've waited forthe one
i've waited forthe one i've waited for...

LAMB


Cerca de quatro anos atrás. Tal como hoje.
Adoro-te.



Thursday, September 09, 2004

Noite em claro

Por causa de um nariz entupido de um corpo pequenino de oito meses e meio não dormi toda a noite. Depois da aula de step, que até correu bem, e de estar na cozinha a fazer sopas até à uma da manhã, o facto de em seguida não poder ter tido o merecido sono, impede-me hoje de me sentir como gente. Está tudo nublado e os papeis com assuntos pendentes causam-me nauseas.

Percebo agora o verdadeiro sentido da expressão “trabalhos forçados”.


Quando se sente aflito, o meu Digui diz “mammmm..” . E eu estou lá. Hoje e sempre. Para o resgatar de tudo o que não seja conforto.

Wednesday, September 08, 2004

Soltas

Vi Segunda-feira o “Cold moutain”. Gostei como se gosta do “E tudo o vento levou.” Não. Gostei mais.
Vi ontem o 21 gramas...gostei, mas gostei menos do que do Cold Moutain...porque será?
Ressalva: O Sean Pean continua a ser o meu actor favorito.
Acho que gosto de gajos feios e com ar profundamente desleixado. Além do mais fica-lhe bem aquela impossibilidade de sorrir. O filme é perturbador e sugere-me mais comentários do que citado Cold Moutain. Também não sei porque será.

Hoje inicio as aulas de Step. Não sei porque porra me meto nisto. Cansada ando eu. Às vezes lamento ser mulher. E logo mais lá vou eu para suar que nem sei lá o quê, com umas merdas de uns ténis que custaram uma fortuna e uma roupinha a condizer porque a tal coisa de ser gaja implica vaidade até nisto. Para além de tudo sou uma negação em esquemas e no step há sempre um esquema. Também confundo esquerda e direita e arruino os esquemas todos....por fim, sou miope e às vezes não vejo o que o professor faz...
E como disse, estou profundamente cansada...porra!

Este post está egoisticamente estúpido.


Gosto desta ternura e farto-me de a cantar no automóvel....pssst....nem o Luís imagina...

“Vou levar-te para casa - tomar conta de ti
Dar-te um bom banho, vestir-te um pijama e
Fazer-te uma papinha,
meter-te na caminha
Ler-te uma historinha e deixar-te bem calminha
Ouve bem: Preciso de alguém do meu lado
Que me dê um bom dia com um sorriso bem rasgado Amor pela manhã, pela tarde e pelo fim do dia
Mais um pouco quando sonho era o que eu queria
Não é preciso muito, é muito simples na verdade Só quero amor bom, carinho, solidariedade Faz-me rir e eu prometo que não te faço chorar
Trata bem de mim e eu bem de ti vou tratar
Olá nina, chega (aqui)ao pé de mim
Deixa-me dar-te o que tu mereces
Tu és a resposta para as minhas preces
Senta-te aqui vou-te cantar um som
Doce como tu, como um bombom
Olá, nina quero tratar de ti
Dar-te um mundo e o outro tenho tudo aqui C
hega só um pouco perto de mim
Acredita que nunca me senti assim”

Da Weasel


Parece, segundo vi num daqueles testes estúpidos que se fazem, que a musica que estava no top aquando meu nascimento era “bridge over trouble water”, daquele duo execrável do comprido e do anão...gostava mais que tivessem sido os Led Zeppelin...

Fiquem bem ( como se isto tivesse interlocutor(es)) ...

Tuesday, September 07, 2004

Parede

Sinto-me a falar com uma parede.
O numero de visitantes é constrangedor, mas secalhar isto não passa de isso mesmo: uma parede.
E hoje não me apetece olhar para ela pois é friamente branca e desprovida de tudo.
Gosto de paredes com quadros.



Monday, September 06, 2004

Digui

Tens apenas oito meses, meu Digui.É assim que gosto de te chamar. Um nome que não sei de onde veio mas que sei que surgiu no dia em que te abracei pela primeira vez. Frágil, com mãos minúsculas, pernas que pareciam linhas e uns olhos que já nessa altura inundavam de cor e luz o Dezembro cinzento que nos esperava lá fora.
De súbito, deste-me o desmesurado conhecimento do afecto e ofereceste-me a sensação de gratidão pela vida.
Estás deitado na tua caminha e levantas os braços para cima,
Agora deitas-te num impulso, fazendo um sorriso misto de mimo e vergonha. Já tens manhas e já tens dois dentes. Já dás gargalhadas e fazes “escondidinhos.” Já te queres por de pé e já vagueias pelo chão do teu quarto que calculo para ti terá a imensidão do mundo.
Às vezes olho para ti e percebo que já não concebo a minha vida sem a tua presença. Este amor não tem de facto paralelo com absolutamente nenhum outro.
No teu acordar, de bem com a vida, de sorriso aberto, há todo um mundo de possibilidades também para mim. Há um conforto submerso em capa de responsabilidade acrescida que me escancara o nascer do dia como se de uma oferta única se tratasse. Nunca, na minha vida antes de ti, a felicidade me tinha surgido mais do que como uma possibilidade, ou eventualmente um momento pontual, fugaz ainda que eternamente gravado na memória. A vida é diferente depois de ti. É esse cheiro que vem do teu hálito de leite pela manhã, é esse beijo terrivelmente salivado que me dás, é essa forma estranha que tens de trepar por mim acima com uma ânsia, uma sofreguidão jamais sentida, que me dá esta certeza de vida e da tal felicidade inesgotável.
De noite aconchego-te inúmeras vezes os lençóis que vais afastando nas tuas deambulações nocturnas. Lembro-me de o meu pai me fazer o mesmo e de aquele pequeno gesto afastar num segundo todos os demónios que me atormentavam o sono. Lembro-me do conforto daquele beijo da minha mãe e de adormecer assim, embalada nos cheiros dos meus pais.
Às vezes, sinto o “peso” dessa certeza, desta imensidão de referência que significo para ti, de um dia reteres na tua memória o meu cheiro e o meu gesto de amor. De saberes exactamente que é esta a mão que te afaga o cabelo e te diz ao ouvido que sonhes com os anjos.
Gosto dos minutos que te fico a olhar, cada um deles e por cada um que passa já sinto saudade do que passou. Saudade de te ter assim. Pequenino. Adoro-te Francisco, é só isto que tenho para te dizer.


Friday, September 03, 2004

Russia



Há seres humanos que não valem um segundo do ar que respiram. O acto de terrorismo é o acto mais deprovável de que o ser humano é capaz. Desumanamente constrangedor. Incompreensivel. Sem perdão.
A mesquinhez dos nossos problemazinhos chega-me hoje em forma de vergonha ante a dor que neste local se vive.
Massacre Posted by Hello

Thursday, September 02, 2004

Roads

Uma musica perfeita, uma melodia com alma, uma letra com dor, uma voz com a solidão que se vai chorando baixinho.

Dedicado a essa dor das mulheres que abortam, a essas que nos merecem a reflexão e o respeito mais do que a discussão politica. Aos fetos, bebés, seres humanos, vidas que estão dentro delas, esses que discutimos deverão ser legitimamente roubados o direito de ver nascer o sol, cheirar a terra molhada, dar a primeira gargalhada, sentir um colo de mãe... ....colo de mãe...colo de mãe...
Caminhos...



ROADS
Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say
How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong
Storm.. in the morning light
I feel
no more can I say
Frozen to myself
I got nobody on my side
And surely that ain't right
And surely that ain't right
Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say
How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong
How can it feel, this wrong
This moment
How can it feel, this wrong
Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say
How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong


Barco....

Já sei que vou ser criticada. Já sei que inúmeros, senão todos, não vão concordar comigo. Vão até estranhar-me. Vão até insultar-me baixinho...
Não concordo com a vinda do apelidado barco do aborto. Não concordo com as petições a favor da sua entrada. Não concordo com as senhoras de feminilidade questionável a baterem com a mão no peito clamando histericamente o direito a fazerem o que entendem com as suas barrigas.
Não entendo as vozes caladas, a omissão de manifestações contra as condições de saúde neste país. Não entendo as comemorações e histeria colectiva perante o Euro 2004 e as consequentes gastos de fundos para estádios estéreis cujos montantes dariam para erigir melhoras nas condições de vida dos portugueses. Porque não foram para a rua e assinaram petições nessa data? Porque é que não há revolta contra a falta de médicos nas periferias e consequentemente contra a falta de contracepção e planeamento familiar? Porque não existem petições para reforço de abono de família e ajuda a famílias carenciadas? Porque não se reforçam as inspecções ao rendimento mínimo (agora tem outra denominação...) e se atribui o mesmo a quem de facto do mesmo necessita?
Porque não revoltam as pessoas contra as mulheres que imprudentemente e sem qualquer tipo de lacuna socio-cultural-economica, utilizam o aborto imprudentemente, inconsequentemente e sem qualquer respeito pela vida?
Porque é que nunca se soube fazer um debate decente sobre a questão do aborto, alertando, com imparcialidade, com competência e com conhecimento, para todos os prós e contras do recurso e descriminalização deste crime?
Não me venham dizer que não há a porra de vida, porque há inquestionavelmente vida! Digam-me antes que poderá haver ponderação e conflito de interesse...em casos pontuais, meus senhores, porque existem milhares de abortos praticados, como disse, de forma brutalmente imprudente, inconsciente e criminosamente anti-concepcional!
Não me venham dizer que deverá ser descriminalizado dando assim de bandeja a possibilidade de se recorrer a ele da referida forma irreflectida! Não temos a suficiente, sequer a mínima, cultura ou mentalidade, ou condições para que isso aconteça!
Em boa verdade até o aborto eugénico é arrepiante...em boa verdade, quem somos nós para determinar que uma criança, por ser portadora de deficiência, não tem direito à vida que lhe concedemos ab initio?

Arrepiam-me todas as vozes com certezas neste assunto: Todas sem excepção. Porque todos terão razões, mas porque todos, inclusive eu, falamos de algo que, permitam-me, é sagrado e nós, sem duvida, somos obscena, profunda e demasiadamente profanos.

Não assinarei qualquer petição e pelos mesmos motivos não concordo com a vinda do barco do aborto. Não serão totalmente legais os motivos aduzidos pelo governo, de facto, a mera prognose de no mesmo de poder vir a realizar o aborto, não é causa justificativa e oponível à livre circulação de cidadaãos CE. Todos nós podemos no instante seguinte praticar um crime, e apenas em filmes de Spilberg, podemos ser presos antes da pratica do mesmo.
Outros fundamentos no entanto existiriam.

A mim penalizo-me, a vós penalizo por nunca verdadeiramente nos termos debruçado sobre a imensidão da problemática do aborto. A todos nós atiro pedras pela hipocrisia. A muitos atiro a primeira pedra por utilizarem mais uma vez um assunto de melindre inquestionável para questões políticas. A isenção está muito longe do tema e isso é uma pena.
E por favor não me venham com o argumento de que sendo criminalizado ou punido se continuará a praticar, porque então, por via desse argumento falacioso todos os crimes praticados diariamente deveriam, na mesma ordem de ideias, ser igualmente despenalizados.
Também não me falem em direito da mulher, pois estou certa em lugar algum uma mulher que pratique aborto o encarará como um direito!
A propósito eu votei a favor no referendo.Perdoem-me mas hoje não sei se o faria.