Thursday, December 30, 2004

Ano que passa, ano que vem..

"Perdoem a cara amarrada,
perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço,
os dias eram assim
Perdoem por tantos perigos,
perdoem a falta de abrigo
Perdoem a falta de amigos,
os dias eram assim
Perdoem a falta de folhas,
perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
os dias eram assim
E quando passarem a limpo,
e quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoa, quando lavarem a alma
Quando lavarem a água, lavem os olhos por mim
Quando brotarem as flores, quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos digam o gosto prá mim"


O ano que passa trás à memória um país, gentes, politicas e tragédias que magoam e desiludem...o ano que fica para trás, mas cuja memória permanece assim na forma de dias que foram assim...às vezes com alguma falta de ar.


O ano que vem, a esperança que existe, o amor ao meu filho, a rotina da vida, a vida boa que se vive...igual à dos nossos pais...vivendo mais do que se sonha, amando mais do que se ousou jamais sonhar amar.
Com cuidado e esperança que esperança é coisa boa!

Bom ano!

"Não quero lhe falar meu grande amor das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar, eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo que eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu 'tô por fora', ou então que eu 'tô inventando'
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Tá em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
como nosso pais"

Tudo: Elis regina.



Friday, December 17, 2004

Há um ano





Há um ano atrás, a esta hora gritava de dores. Lá dentro tu tentavas achar o caminho para a vida. As dores, imensas, indiziveis, são hoje recordadas com a saudade que fica depois de o momento ter passado. As sete da manhã nascias. Cheio de cores e de olhos bem abertos. Com o grito que se impõe, com a emoção dos teus pais, com todas as mil e uma palavras que me passaram pela cabeça dizer-te, mas que na altura ficaram caladas na ternura do momento. Passei a noite seguinte a olhar-te. Cada milimetro de ti. Como um sonho. Perfeito.
És a coisa mais maravilhosa que me aconteceu.
Amo-te Francisco.
Parabéns.


Francisco Posted by Hello

Wednesday, December 15, 2004

Natal

Estranho o facto de ainda não ter falado do Natal.
Sabem aqueles que me conhecem o quanto gosto do Natal. Dos cheiros que me ficavam da infância, da mesa bonita que minha mãe colocava, da minha avó bem velhinha a ver comigo o Natal dos Hospitais, do perú bêbado que ninguém queria matar, do leitãozinho que eu teimava em tratar como se de um Nenuco se tratasse sem a consciência que era um cadáver que jazia na varanda da cozinha com destino traçado para o forno.
Lembro-me de passar horas a brincar com o presépio, inventando histórias em que o menino Jesus pedia ao seu pai que o levasse ao jardim zooloógico...lembro-me do cheiro do musgo que a minha mãe ía comprar ao mercado, lembro-me do bazar (unica loja de brinquedos da zona), onde eu me perdia de olhos brilhantes a remexer em tudo que eram roupas, carrinhos de bebé, legos e peluches...
Lembro-me das surpresas da minha irmã, da forma como esta vibrava com as minhas histerias pré natalícias, com os meus febrões de ânsia, com a minha anorexia de dia 24...lembro-me do stress saudável daquela cozinha cheia de fritos e arroz doce. Era tão bom o natal!


O extraordinário de tudo isto, é que hoje com uma postura de mãe, continuo claramente a sentir-me como filha. Enfeito a árvore de Natal, como o meu pai fazia, imitando cada gesto das suas mãos bonitas. Mas enfeito-a com o encantamento igual àquele que tinha quando os meus olhos acompanhavam cada colocar de bola e estrela. Ahhh...o terno beijo que o meu pai me dá-va quando colocava a estrela no topo...
Fiz o presépio e ainda hoje tenho a tentação de colocar a Maria a aconchegar o Menino em algodão para que não tenha frio à Noite. Ainda tenho a tendência para achar que ele gostaria de ir ao Zoo...
Neste Natal, o meu “piolho” já percebe alguma coisa, pelo menos percebe a não rotina da quadra, percebe as cores, e percebe os risos.
Na minha família, creio, todos continuamos a encher o Natal de sonhos e carinhos tantas vezes negligenciados durante o ano. Tenho as minhas sobrinhas comigo, e olhar para elas tão grandes, tão belas mulheres, traz-me à memória aquela noite de nervos que era tentar que elas não percebessem, enquanto roíam as unhas e tiravam macacos do nariz (sim, é verdade!) que os barulhos lá fora, junto à chaminé, pelo corredor, não eram do Pai Natal, mas sim de um de nós que teimava em prolongar o sonho.
O sonho do meu filho começa este ano. Vou fazer-lhe a ele o mesmo que os meus pais me faziam a mim. A árvore, o presépio, o cheiro a cabrito assado e a sonhos fritos. Os presentes que o Pai Natal carrega, a baixa enfeitada em passeio de dia 23 (lembraste, Bárbara de irmos sempre ver os enfeites da Baixa no dia 23, de mão dada e na carreira do autocarro nº46?), os sinos do Pai Natal, os presentes à meia-noite, a alvorada doce da fria manhã de dia 25, os restos de papel de embrulho pelo chão da sala, a camisola nova que todos envergamos, o aconchego do colo quando o cansaço supera a vontade brincar e experimentar cada uma das prendas...

Ao meu lado, tenho todos os que amo. O meu príncipe, que também é menino sonhador, vibra comigo em cada um dos enfeites que coloco. Ele sabe como sou e, creio, admira-me também por esta infantilidade quase patética que persiste em permanecer em mim.


O Natal passado, uma semana antes do mesmo, nasceu o meu Francisco. Veio antes do tempo, porque antes do tempo deu a volta e rebentou as águas em que estava mergulhado, Quis ele que fosse assim.
E no Natal passado voltei acreditar que o Pai Natal existe.


Monday, December 13, 2004

Sem titulo

Tenho-me sentido muito só nesta tarefa de te encher de carinho. Há quase um ano lembro-me que todos apareceram na maternidade. Todos emocionados, todos envergando flores e clamando parabéns. Mas hoje, sinto-me muito sozinha nos beijos que te ofereço.







Thursday, December 09, 2004

"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." Antoine de Saint-Exupery


Visita ao site da Acreditar.
Doi.

Vamos ajudar um pouco a aliviar a dor?
Por favor, enviem uns brinquedos. Bonitos, ternos. Vamos embalar um pouco o sonho destes meninos.

http://www.acreditar.rcts.pt/

Tuesday, December 07, 2004

A todos que amo

lua Posted by Hello


Muito, muito a sério.
Querido Pai Natal, da-lhes a lua. A ti Mãe, a ti, meu querido Pai, a ti, minha Mana, a vocês minhas lindas fofas sobrinhas, a ti, Alberto, a vocês Amigas (olá soprinho, sim é para ti também!!)...
A vocês...a lua...


Ao amor da minha vida - Francisco


tu... Posted by Hello

Agora a sério, querido Pai Natal, Querido Menino Jesus, para o meu filho, para sempre o aconchego, para sempre o sorriso, para sempre esta felicidade que se reflecte nos olhinhos dele e que se rasga no meu sorriso.




Pai Natal V- Para o meu amor, Luis


porsche Posted by Hello

Um dia, juro, adorava presentar-te com um modelito desta marca...
Vá lá Pai Natal!!!



Pai Natal IV- Para o meu amor, Luis


comboio Posted by Hello



E os homens são crianças para toda a vida, não é verdade?



Pai Natal III


mercedes Posted by Hello


É que o meu CC é de pobrezito e segundo dizem um carro claramente bicha...



Pai Natal II


chaumet Posted by Hello



Pode pedir que seja sem o coração, por favor....é que gosto de coisas mais minimalistas...sou uma pessoa simples, sabe....

Querido Pai Natal...





Querido Pai Natal,

Aqui vão umas sugestões bem modestas para o meu sapatinho...prometo que ponho umas botas gucci na chaminé, quer dizer lareira, que chaminé seria desadequado para os presentes em causa...
olhe que só vale a verdadeira. Hérmes, pois tá claro.
Também aceito uma Birkin.

Kelly bag Posted by Hello

Monday, December 06, 2004

Crescer

Hoje é Segunda feira de saudade.
Passámos o fim de semana inteiro sozinhos e juntos. Muito juntos. Levei-te a ver a árvore de Natal do centro comercial e por pouco não me atrevi a colocar-te no colo do barbudo para uma fotografia.
Posso constatar que já te deslumbras. Já te encantas e até exprimes o encantamento com um sorriso.
Já me fazes companhia. Enquanto passeamos, teimo em explicar-te tudo e o fantástico é que de uma forma ou outra já pareces responder . Vou-te conhecendo aos poucos enquanto pessoa, e neste sentido, diariamente vou sentido a sensação de parto sucessivo. Porque de facto, conhecer-te é um momento que se repete cada minuto que passo contigo.
No meu colo a olhares o jardim, na forma como olhas e gritas para o teu cão, na exaltação da preparação da tua fruta que reconheces pelo barulho da varinha mágica, no sorriso rasgado que fazes quando coloco a cadeira na banheira e ponho a torneira a deitar água. ..
Vais sentado no carro a olhar lá para fora. Reconheço em ti uma pessoa. Que vai percebendo o mundo, que vai vibrando com o mundo, que vai colhendo e memorizando cada instante da vida.
Gostas de tocar nas folhas das árvores, de tocar nas flores, de tocar nos meus cabelos, de colocar a boca na minha cara naquilo que poderá ser o principio de um beijo.


È o teu segundo Natal comigo. Mas é como se fosse o primeiro. No outro dormias numa alcofa e nem sei se tinhas reparado que estavas neste mundo, ou se, pelo contrario o meu ventre se havia tornado mais barulhento e claro. Neste Natal, estarás presente com gritos, gargalhadas e expressões novas. Quero oferecer-te mais uma lembrança., uma lembrança de cor, de ternura, de encanto, de sonho. Mais uma lembrança entre todas as outras que creio ficam na tua memória dia após dia. Este é o peso da minha importância na tua vida. Não é só prover o alimento, arranjar-te a cama e dar-te banho.
È encher-te de conhecimento, de afecto, de lembranças, de encantamento.
Porque quero, meu menino, fazer-te feliz.
Quero estampar-te nos olhos, para todo o sempre, o brilho que ontem pude presenciar.
Ser testemunha do teu crescimento, é viver a dobrar.


Thursday, December 02, 2004

E agora.....????

O que mais me irrita na apelidada esquerda é o autismo. Autismo puro de quem se congratula ostensivamente pela queda de um Governo (de merda, é um facto), sem pensar nas consequências nefastas que tal queda implica.
Compreendo esta celebração, apenas na mesma linha de raciocínio de Carvalho da Silva que clamou que deverá ser prioridade do novo governo o aumento da função publica...Esta é a prioridade, meus senhores!!! E esta será com toda a certeza a razão da V/ alegria.
Mas como é possível um país andar para a frente, como se diz genericamente, se a prioridade neste momento é agradar à função publica e conceder a esta os aumentos que, na sua maioria, não merecem?
Como é possível congratularem-se com a queda de um governo de fetos incumbados, de beatos e tias, sem perceberem que a opção é quase inexistente?
Contentam-se com os aumentos e com os jobs que aí virão, estou certa, tal como estou certa iram proliferar no meio bloguista muito menos ataques políticos, pois, estou certa também os jobs serão atribuídos e os aumentos para o maior grupo de pressão, quiça “força” que governa verdadeiramente o país, serão concedidos.
Pasmo com o jubilo que decorre, tão só, de ter caído um Governo que tinha uma cor diferente, porque as pessoas na sua generalidade estão-se marimbando para as verdadeiras carências sociais do País, porque querem é ordenados chorudos, isenções de horário ( no sentido isenção – chegar tarde e sair cedo, e não isenção de trabalhar mais do que a maioria...), porque ninguém faz apelos no sentido de saúde e a justiça serem prioridades, de se aplicarem bem as receitas dos impostos, porque o que interessa é que e eles desçam, não sem questionar à custa do quê ou de quem.
O Governo ainda em funções peca por quase tudo. Pela desorganização, pela incapacidade, pela mediocridade de ideias, pela arrogância, pela beatice, pelo não profissionalismo, pela sonolência do Primeiro Ministro, pelo cinzentismo das ideias, pela omissão de medidas, pela total falta de capacidade para, de facto, Governar o País.
Mas não podemos aplaudir, nem festejar nada! Absolutamente nada.
Porque as opções não existem, porque o candidato-quarentão-qual-richard-gere-gajo-giro –venham-cá –ó- meninas-e peixeiras-do-eleitorado-que vou dar beijos e abraços-, rodeado de uma máquina partidária que já nos deu mostras do quão eficaz é em deixar um país roto até mais não.
...e nesta sucessão de azares, meus senhores, estão contentes com o quê??????


O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocasQue andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E o mesmo Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno, vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo