Wednesday, November 29, 2006

Lembrar












lembra-te

"Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos"

Mário Cesariny

a "boa morte" levou-o. para lá, onde o surrealismo é como a vida de cá. De certeza.

Friday, November 24, 2006

Porra.
Porra.
È tudo o que nos apetece dizer quando não conseguimos dizer o que verdadeiramente queremos dizer.
Assim, como quando mais um pedaço de sonho nos é, abruptamente, roubado, assim como uma gula de já não poder guardar sonhos, assim como uma criança que já não acredita no Pai Natal.
Porra.
Porra.Porra.

Monday, November 20, 2006

Diz se é perigoso a gente ser feliz

Às vezes, muitas, comovo-me.
Caem as lágrimas. De alegria, de tristeza, na contemplação de uma qualquer perfeição, na audição da melodia, na leitura da escrita.

Comovo-me intensamente, diversas vezes, mais que desejáveis, mais que correctas, mais que elegantes, mais que socialmente convenientes.E sem vergonha continuo a gostar desta lágrima que teima em sair quando olho aquele quadro, leio aquele poema oiço aquela canção...Beatriz de Chico Buarque, uma Fascinação como a de Elis.





"Olha

Será que ela é moça

Será que ela é triste

Será que é o contrário

Será que é pintura

O rosto da atriz

Se ela dança no sétimo céu

Se ela acredita que é outro país

E se ela só decora o seu papel

E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha Será que é de louça

Será que é de éter

Será que é loucura

Será que é cenário

A casa da atriz

Se ela mora num arranha-céu

E se as paredes são feitas de giz

E se ela chora num quarto de hotel

E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva para sempre, Beatriz

Me ensina a não andar com os pés no chão~

Para sempre é sempre por um triz

Ai, diz quantos desastres tem na minha mão

Diz se é perigoso a gente ser feliz"

Beatriz de Chico Buarque

Friday, November 17, 2006

Detesto,
fotografiazinhas de-por-do-sol -palmeirinhas-ursinhos-gatinhos-nas-nuvens-estrelinhas-
fundos-rosa-cueca- e -mulheres-de ar-languido-a-suspirar -com vestidos -transparentes-molhados pelo mar-e-amantes abraçados-lábios juntos-corpos entrelaçados-depilados-estudados-citações -do-Paulo Coelho-e-musiquinhas-castas-cenários -campestres-com-corações e muito-texto-cheio-de-nada.


Detesto, ok.
E há blogs cheios disto.



Bom fim de semana.

Thursday, November 09, 2006

E sem que nada o fizesse prever, e quase sem palavras, e como que soprado pelo vento, e como que aquecida pelo sol de inverno, e como rasgando o meu coração, e aqui como um tempo que parece parar, esperar, por este sorriso, esta surpresa há tanto tempo guardada na ausência da improbabilidade.
Hoje, sem que nada o fizesse prever.
Felicidade.

Thursday, November 02, 2006

"O amor é a luz do sol a beber a voz doce dessa planta. Algo dentro de qualquer coisa profunda. O amor é o sentido de todas as palavras impossiveis. Atravessar o interior de uma montanha. Correr pelas horas originais do mundo. O amor é a paz fresca da combustão de um incêndio dentro, dentro, dentro, dentro, dentro dos dias. Em cada instante de manhã, o céu a deslizar como um rio. À tarde, o sol como uma certeza. O amor é feito de claridade e da seiva das rochas. O amor é feito de mar, de ondas na distância do oceano e da areia eterna. O amor é feito de tantas coisas opostas e verdadeiras. Nascem lugares para o amor e, nesses jardins etéreos, a salvação é uma brisa que cai sobre o rosto suavemente."


"Uma Casa na Escuridão"
José Luis Peixoto