Monday, September 13, 2004

POP Music

Isto de se dizer que se vai ver a Madonna parece que cai mal em algumas franjas da sociedade. Muitos não esquecem o tempo dos crucifixos e da brejeirice da menina...eu também não.
Mas existe em alguns, incluindo eu, esta imensa admiração. Acho graça ás musicas vivas e ritmadas, sem lamurias pseudo neuróticas. Acho graça à cor e ao movimento, aos dentes afastados da mulher e, sobretudo, à inquestionável capacidade de mutação pessoal. Não se pode desmentir a capacidade da madonna em crescer, em criar, em fixar modas, em criar estilos, em chocar, em conseguir marcar. Cresceu, melhorou e está na história. Porque não há licenciaturas, nem culturas, nem livros nem discos, que nos façam ser indiferentes ao fenómeno. Aprecio a Madonna pela musica indolor, pelo estilo sempre fashion, pelos tais dentes afastados, pelo corpo musculado, pela energia, pela sobrevivência e inovação. Aprecio a Madonna sem pudores. E Amanhã, toda contente, vou ver a Madonna e não vou esconder de ninguém porque não tenho vergonha de, de quando em vez, gostar de coisas assim...POP...Muzikkkkk.


5 Comments:

Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

Talvez eu seja uma dessa franja da sociedade onde a Madonna cai mal, não tanto pela musica de consumo imediato que ela faz, nem pela forma manipulada com que a sociedade cria ícones de marketing (longe do que muitos consiederam semelhante como o fenómeno Beatles... como se pudesse existir relação...) mas SIM o facto de Portugal e os portugueses se dizerem de tanga e pagarem a quantidade de dinheito para ir aquele espectáculo pirotecnico que fica a milhas de um concerto dos Pink Floyd. Como amante do paradoxo compreendo as incoerencias do individuo mas não ao ponto de se comentar criticamente determinados acontecimentos sociais quando depois de paga o que se paga para ver o que se vê.
A vergonha de ver a Madonna não passa pelo facto de encontrar-mos em nós aquele gosto brejeiro que ficou dos loucos 80's (que nunca gostei muito) e todos os "karates kides" que vimos, mas pela quase rendição à máquina de marketing que tão bem oleada vai estando à custa do suor de tantos e tandos.

Sei que cada um tem os seus gostos. Não devo meter-me nisso, não porque os gostos não se discutem, pois discutem-se (o gosto é uma aprendizagem, como tudo o resto), mas porque não quero magoar ninguém, mas de facto custa-me ver o pessoal a dar tanto dinheiro por uma coisa dessas quando tantas outras coisas precisam desse dinheiro. Além do mais aquilo para mim não é cultura, é espectáculo. Mas há espectáculos que são cultura.

Bom... esqueçamos por momentos a fome no Sudão e sejamos felizes.

3:39 AM  
Anonymous Anonymous said...

Mas que grande disparate e arrogância intelectualóide-esquerdista-anarca.

Suponho que cultura seja andar de malinha a tiracolo, óculos de massa pretos, ser-se anão e sempre muito triste, dizendo mal de tudo e de todos. E claro, desencantar trios de jazz vanguardista, directamente da cena underground de Ljublijana.

Cultura é tudo o que nos rodeia e nos molda. Cultura não é apenas o que gostamos, muito menos o palco ou a desculpa de guerras de ícones sectaristas-niilistas versus ícones sectaristas-frívolos, com um muro de alegada intelectualidade a separar as facções.

Nunca vi nem Madonna ao vivo nem Pink Floyd. Mas vou ver a Madonna e nunca iria ver Pink Floyd, apenas e tão só porque não gosto da música deles. E já estão velhos.

Nunca gostei particularmente da Madonna, mas deve um belo espectáculo. E pronto.

A arrogância e a intolerância são exactamente parte dos mecanismos que causam a fome do Sudão. E quanto a esta? O que vais fazer hoje para acabar com ela? É altura dos intelectualóides-de-esquerda meterem uma coisa na cabeça: TODOS nós, os que neste mundo vivemos, temos quotas de responsabilidade idênticas na forma que as coisas tomaram ao longo dos milénios desde que deixámos a economia caçadora/recolectora.

Ah, é verdade, a chamada "globalização" não começou com as multinacionais americanas. Começou com uns tipos que no séc. XV foram à aventura do desconhecido e claro, do ouro e das conversões ao catolicismo.

Em resumo: não fomentes intolerâncias e sectarismos. Pára com manias de etiquetas e compartimentos e espartilhos e outras pálas nos olhos e.... relaxa. Tudo no mundo ou se gosta ou não se gosta.

Luís

12:35 PM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

"Pára com sectarismos e manias".

Colega.
Não te conheço mas gostava de saber de onde tem vem essa determinação toda acerca da minha forma de ser isto ou aquilo. Eu, caro colega, limitei-me a dar uma mera opinião acerca do que penso sobre este acontecimento, o concerto da Madonna ao preço de 60 euros.
Não disse o que devia ou não devia ser. Não disse que um gajo que usa óculos é um intelectual ou uma pessoa que use uma t-shirt amarela é pimba. Não sei de onde veio essa sensação de etiquetar e etc que possa ter feito.
Em suma, não disse que a cultura era limitada a um determinado conjunto de fenómenos mas sim QUE NÂO CONSIDERAVA AQUELE ESPECTÀCULO SUFICIENTEMENTE BOM PARA SE PAGAR AQUILO.
Não me propus a fazer uma lista do que é bom ou não é bom, limitei-me a criticar a diferença entre o pouco poder económico dos portugueses e o preço astronómico de um concerto daqueles.
Por favor Luís, não me digas o que fazer tal como não te disse o qu fazeres, nem à Sónia. Limitei-me a dizer o que penso acerca do concerto da Madonna. Imagine-se que chegou a dar mais discussão do que o aborto! Incrivel não é?

Agora dirijo-me À Sónia, que me chamou "fundamentalista":
deverias repensar o que disseste tal como já te disse, lembrando-te que, curiosamente, fundamentalista ou não, sou dos poucos que ultimamente lê tudo o que escreves e se dá oa trabalho de empenhadamente reflectir acerca do que aqui tens dito. Acho que deverias pensar nisso antes de me dizeres que estás demasiado chateada comigo para não me pedires desculpa por me chamares "fundamentalista".

Quanto ao Luís,o único conselho que te dou é o seguinte: primeiro conhece uma pessoa antes de lhe mandares fazer seja o que for. De resto, faz sempre o que quiseres.

6:30 AM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

"Nunca vi nem Madonna ao vivo nem Pink Floyd. Mas vou ver a Madonna e nunca iria ver Pink Floyd, apenas e tão só porque não gosto da música deles.

Concordo que digas isto. Parece-me óbvio que não sejas masoquista oa ponto de ir ver uma coisa que não gostas mas mais abaixo dizes algo diferente... duas linhas abaixo curiosamente

"E já estão velhos."
Não vejo como o facto de alguém estar velho possa impdir alguém de ir ver um concerto... é um argumento, este sim, sectarista. Mas passemos à frente...

"Nunca gostei particularmente da Madonna, mas deve um belo espectáculo. E pronto."
Aqui está uma parte engraçada. Não gostas de Pink Floyd e não os vais ver por isso, mesmo sendo eles os pioneiros dos grandes concertos com projecções e multimédia, e alta qualidade de som, por isso, quanto mais não seja, pela mesma ordem de ideias, não gostando muito deles, poderias pelo menos ir pelo espectáculo.

O que quero dizer com isto, mais uma vez, e se fores ler poder constatar o que queria dizer: não é a brejeirice (termo que nem fui eu a usar no início) que me incomoda no concerto mas o preço do espectáculo tendo em conta as condições economicas dos portugueses.

Gosto das coisas bem limpinhas. Esclarecidas.
Se ainda me insistes em chamar sectarista e elitista, pois chama.

6:42 AM  
Blogger SK said...

Subscrevo e assino por baixo.
O problema da cultura, é que muito boa gente se arroga o princípio do domínio da mesma, dos seus mecanismos e sobretudo, a verdade sobre a aferição dos seus mecanismos de qualidade. Em suma, meia dúzia de marmelos, como essa megera mal-fodida( desculpem o meu francês, mas é assim que imagino a senhora, já que nunca a vi), chamda Kathleen Gomes, que fala dos filmes que critica como alguém que domina a total verdade sobre o que é cinema. Ao criticar, diz obvia e claramente, embora com palavreado hermético, que quem não tem a visão dela, não sabe o que é cinema, ou o que é cultura. Na opinião desta senhora, os tomos sobre a verdade do gosto em cinema estão nas mãos dela e ai daqueles fariseus que acharem que "A Pianista" do Hanneke é uma merda sensaborona com laivos de cinema de autor que mais não faz que tentar chocar o espectador. E já nem vou falar do Irreversível, do Pascal Nóe, mas enfim...
A questão é esta. Podemos não gostar, é verdade, e pode argumentar-se contra o gosto dos outros, mas é muto complicado dizer que algo não tem qualidade só porque não se gosta. A Madonna, no meu modesto ver, é uma mulher de negócios que sabe montar um espectáculo. Nunca fui apologista, nem seguidor das suas transformações, e acho que ela de música não tem nada, mas de performer tem tudo. É um bem sucedido acto de marketing que dura há vinte anos, porque de outra forma não se explica o sucesso de "coisas" como "Holliday" ou "Papa don't Preach" (aarrghh!!!).
O problema são de facto as qualificações. As pessoas podem gostar do que quiserem, sem terem uma espécie de crachat colado á testa, ou pregado, a dizer que perderam o combóio da cultura. A verdade é que em Portugal, como em todo o mundo, o snobismo cultural produz generalizações, e coisas como CAndace Bushnell emergem, mostrando precisamente até que ponto as pessoas confundem opinião com lei ou postulado cultural.
Para minha vergonha, eu cá gosto de Nick Kershaw, vejam bem! E até já li Coetzee! Mas como é que alguém combina estas duas coisas? Ou só somos meio culturais?
Pessoalmente acho que quem deu 100 € para ver a Madonna não deve ter amor ao dinheiro, mas isso é lá com eles. Acho que se de facto os artistas vivem do povo que os adora, então 100 € por bilhete é um defraudar de expectativas e uma triagem que me parece a mim inaceitável. Se eu fosse fã da Madonna ficava lixado quando ela me pedisse vinte contos para a ver, porque em muitos, mas muitos casos, isso é dizer que o fã pode ir ladrar para outra freguesia. Mas quem pode, que pague o que deseja, porque ter acesso ao que mais queremos por vezes vale sacrifícios. Vê-sea Madonna ejanta-se menos 4 vezes fora.
(Eu se calhar pagaria 100 € para ver um jogo da NBA cá, por isso... pensando bem, depende do jogo, e provavelmente pagaria o que paguei em NY - seis contos.
Bottom Line?
Eu digo mal da Madonna, ocasionalmente, não pelos seus méritos empresariais, mas pela sua música. Acho-a feita de fórmulas. Mas alguém gosta, alguém se sente bem a ouví-la, e pensando na cena pop, há muita coisa bem pior que esta senhora, e que provavelmente cobra tanto ou mais. Pensem naquela loirinha que era apresentadora do clube amigos Disney, e que veio mostrar as mamas a Portugal, além do seu talento para fazer movimentos de lábios de acordo com o playback. Essa moça é que dificilmente tem defesa!!!
Os gostos podem até discutir-se, mas nunca baseado em argumentos de domínio da qualidade, ou oriundos do snobismo que ainda por cima tem dois pesos e duas medidas. Existem coisas verdadeiramente más, porque desonestas, porque cheias de clichês até á quinta casa ( Nicholas Sparks e os seus romances glicodoces - arghh", mas a grande maioria das coisas que se produzem geram gostos, amores ou indiferenças. O que não pode é continuar este universo de tipos que se auto-intitulam bem pensantes, e que descascam em tudo aquilo que não lhes interessa, como se fossem donos da verdade. Para um exemplo de cabotinismo absoluto, consultar João Pereira Coutinho.

Beijo para a Sónia
Abraços para o Francis(co) Drake (piratinha), Luís e Kafka
Saudações Calorosas para os restantes.

7:11 AM  

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