Monday, September 13, 2004

Post mediocre a propósito dos comentários tecidos ao post anterior

A propósito dos comentários do meu amigo Hugo ao post anterior:


De facto, a Madonna, produto de marketing fantástico, não terá muito a dizer em termos culturais, isto leia-se contudo, em termos muito restritos, pois Hugo, a cultura deverá ser entendida não apenas como as coisas que ficam bem ler, ouvir ou ver, mas sim como todos os produtos que, de alguma forma, influenciam ou inovam e, sobretudo, modificam um determinado status quo.

Espectáculo pirotécnico, creio ser quase ofensivo. Não à Madonna, mas a mim que até nem gosto de pirotecnia, tal como acho ofensivo a tua defesa de que Pink Floid valerão mais, do ponto de vista cultural, à dita senhora. Pois, Pink Floid a mim fazem-me dormir, as letras resumem-se a lamentos soturnos com alguns laivos de mensagem . Mas é cultura, isso não tenho duvida, apenas não gosto. Tal como o é Madonna, que tu não gostas.

No fundo, Pink Floid, Madonna ou Jorge Palma, todos, sem excepção, se estão perfeitamente cagando para as mensagens, fazem o que gostam e fazem o que vende. Dos três referidos talvez o mais coerente a té seja o ultimo que toca bem, escreve melhor tem voz de bagaço e não usa lazer nos concertos.
E todos nós, Hugo, esquecemos todos os dias a fome no Sudão. Não venhas tu criticar , pois não acredito que deixes de dormir por causa disso. Ou serás tipo Santana Lopes que não dorme á custa dos desempregados?
Quanto ao dinheiro que custa um bilhete, eu não sou das que me tem queixado. Trabalho, mas também já tive sem emprego, pago todos os impostos pontualmente, cumpro minhas obrigações, faço oficiosas (nao sei se sabes mas estão em divida honorários devidos pelo Estado desde o ano de 1993!!!), não devo dinheiro a ninguém e nem sequer tenho leasings ou ald’s, e depois de meses sem poder sair, dou-me o direito e que ninguém o questione, de gastar mais de cem euros em duas horas para ver a Madonna. E alguém tem alguma coisa a ver com isso?
Sim, critico aqueles que devem e se queixam mas que logo ou amanhã estarão no Atlântico. Quanto a mim, não reeinvindiquei aumento salarial, nem pedi aos meus pais, ao vizinho ou à Cofidis o dinheiro para o concerto! Deixem-nos mesmo ser felizes e esquecer o Sudão!! E não sejamos hipócritas, ok?

Fiquei mesmo ofendida, Hugo. A brejeirice dos anos 80 traçou-me a juventude. Sou “filha” dos Duran Duran e até vi o Top Gun. Vergonha????


Mas porque será que temos todos de consumir o arrogante Saramago, ouvir a musica da Radar e trajar de escuro com olhos postos no chão? Isto é que fica bem?
O que eu queria, Hugo, é que a Madonna passasse pelo Sudão, e a todos fosse possível lá estar, trajando tons claros, olhando para o alto, entoando as musicas em uníssono e bridando a vida que hoje lhes foge pelas mãos, gozando da tal pirotecnia. E queria que saíssem dalí e tivessem pão para comer e água potável para beber ...queria lá saber se o que cantavam era Maddona ou Joy Division!

.
Post básico do estilo "mas olha lá!"...

4 Comments:

Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

This comment has been removed by a blog administrator.

8:25 AM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

Sonia, sonia...
Claro que tudo é cultura e a cultura não é apenas o que faz dormir. Penso que não conheces bem os Pink Floyd e por isso aconselho-te a ouvir "Ummagumma" de 1969 para depois me dizeres se te faz dormir. Ouve também o primeiro album "the Pipper at the Gates of Dawn" onde entrava o artista plástico, e primeiro vocalista "Syd Barret", mais tarde doente de esquizofrenia.

As pessoas olham sempre para os rapazes formados em Artes Plásticas como bichos de biblioteca, como se o Saramago fosse o único representante da forma de escrever melhor, seja lá o que isso quer dizer. Estou-me a cagar para que determinadas pessoas pensem isso mas para outras não.

Parece-me óbvio que não sou um bicho de enciclopédia, e também me parece óbvio que por ter gostos abrangentes tenho o direito de não gostar e de criticar a produção dita cultural de muita gente. Toda a gente tem direito de fazer o que lhe apetece, e ainda bem que é assim. Assin sendo cabe-me a mim também o espaço de criticar, de dizer aquilo que me agrada e que não me agrada. Não me agrada a Madonna, desde puto que nunca lhe ligeui muito, excepto quando via um ou outro videoclip com as mamas dela quase de fora. Dava tesãi, mas nunca me deu tesão intelectual.

Acho que o Prince, um ícone Pop é muito mais poderoso do que a Madonna e as mamas dela. E como é óbvio não peço desculpa por assim pensar. Falo com conhecimento de causa e não gosto que ninguém me ache menino do coro só porque não vou à baila com o satus quo. Provavelmente deverias analisar as composições da Madonna (feitas por pessoas que sabem do assunto, pessoas essas que não são ela, mas outras).

Concordo que tudo é cultura, tudo é manifestação cultural e não acho que se devam por limites a essas manifestações. Deste a enteder que assim pensava mas não penso. Limitei-me a dizer que umas expressões, para mim, são mais importantes que outras.

Um dos fenómenos POP maiores dos tempos historicos mais proximos foram os Beatles e há quem os critique por isso. Eu, tendo conhecimento histórico acerca do papel dos Beatles são um defensor incontestável do seu valor artístico e cultural. Eles estavam à frente. Antes deles a musica era outra. Sargent Peppers veio revolucionar a musica POP tal como a conheciamos.

Não vejo em que possa ter contribuido a Madonna a este nível. Se foi uma miúda irreverente com um corpo bom, penso que sim. Não vejo sinceramente o que possa mais ter feito. O John Lenon esteve com a mulher na cama a cantar um hino à paz mundial. A Madonna talvez tenha estado na cama, mas não ouvi nenhum hino.

Não dirigia uma critica para te atacar. Apenas para demonstrar o meu interesse em debater as incoerências que todos nós podemos ter.

Temo que me consideres um elitista pseudo-intelectual. se assim pensares nada posso fazer, apenas limitar-me a dizer que lamento que assim penses.

Mas continuo a dizer que a Madonna perto dos Duran Duran (como exemplo que deste) não vale nada. Os Duran Duran fizeram tendências, a Madonna seguiu-as.

Não me importo que gostes de madona e não fui eu quem a apelidou de brejeira. Foste tu. Tu é que reconehces em ti esse teu lado brejeiro, pois tu o intitulaste assim, não eu. Não critiquei esse teu lado brejeiro e se agora escrevo isto é apenas para te dizer que Pink Floyd são sem dúvida muito mais poderosos do que a Madonna na mensagem que nos trouxeram. Não acredito que adormeças a ver o filme THE WALL e não acredito que, sendo uma pessoa tão devota das preocupações sociais, não encontres nos Pink Floyd uma voz em consonancia com a tua.

É bom termo um Luis Figo a jogar à bola, e eu adoro vê-lo, mas não está ao nivel de um Fernando Pessoa ou a Sofia de Melo Breyner....

Se isto é gostar apenas de coisas que fazem dormir não concordo. Eu estou mais disperto do que nunca quando estou em contacto dom elas. Se o Filme Koyaanisqatsi faz dormir muita gente não tenho culpa, a mim faz-me querer mais e mais.

Sonia. se me achas um arrogante elitista pseudo intelectual diz desde já. Assim escusamos de perder mais tempo a fala um com o outro. Eu não te acho uma pseudo. Limitei-me a dar-te a minha opinião, que penso ser válida, acerca do que vi no telejornal, aquela corrida desenfreada para as bilheteiras para ver uma coisa que a mim pouco diz. Tu própria falaste do fenómeno do euro e da sua adesão por oposição à questão do aborto. Se consegues estabelecer prioridades a esse nivel também deverias aceitar as minhas.

Se as pessoas têm dinheiro para ir ao futebol acho que devem ir. Se as pessoas têm dinheiro para ir ver a Madonna acho que tb devem ir. Se se quixam da situação financeira de Portugal aí já é outra coisa.
Eu limito-me a dizer o que penso disso. E assim continuarei.

A minha namorada tb vai ver a Madonna...

Hugo

8:49 AM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

"Mas porque será que temos todos de consumir o arrogante Saramago, ouvir a musica da Radar e trajar de escuro com olhos postos no chão?"

Não considero o assunto encerrado porque estas frases não me "cheiram" bem.

Por acaso eu disse que a cultura tem que ser deprimente e depressiva? Um dos estereotipos que se usam contra determinadas posições é esse: de achar que quem gosta de uma dita "cultura" é deprimido e não consegue encontrar alegria de viver nas coisas "banais"... Não sei o que isso quer dizer, essa coisa de só gostar de negro ou só gostar de poemas depressivos...

Não sei porque fazes essa mistura. Ou melhor, pelo que sub entendo dela apercebo-me de que não é bom sinal.

Relativamente ao facto de dizeres que eu sou "fundamentalista"... não posso fazer nada. Se isso é ofensivo nos dias de hoje, na conjectura actual... penso que sim.

Limito-me a dizer que não se pode misturar depressão com cultura. Não sei porque carga de água alguém que goste de Madonna seja mais feliz do que alguém que goste de Saramago. Não sei porque carga de água pensas que sou fundamentalista só porque me limito a dizer o que penso.

Dizes que levo muito a ´seiro as palavras... Mas afinal as palavras são escritas ou ditas para não serem levadas a sério? è assim que se defende um argumento, dizendo que a outra pessoa leva demasiado a sério as palavras? Porque não dizer que as nossas palavras não expressaram bem o que queriamos dizer em vez de dizermos que foi o outro que as exponenciou?

Os assuntos para mim nunca estão terminados a não ser que as coisas estejam limpas, ou seja: quero que retires o epiteto de "fundamentalista" que me atribuiste. Se reparares bem não te atribui nenhum epíteto.

Não sou deprimido por não gostar de Madonna. Sou feliz por gostar de coisas que a outros os deixam deprimidos.

Por falar nisso, a minha namorada até gostou da Madonna e mandou-me uma mensagem quando estava a cantar a música do John Lenon: Imagine...

Só mais uma coisa: a mulher do Lenon não é Chinesa, é Japonesa...

3:55 AM  
Blogger Hugo Santos - Portfólio said...

Não quero argumentos de momento.

Quero que retires o adjectivo que me puseste: "fundamentalista", e para isso não é preciso muito tempo.

Acho que me deves isso. Os argumentos vêm para depois.

4:03 AM  

Post a Comment

<< Home