Thursday, July 27, 2006

Maria








"Digam que foi mentira, que não sou ninguém,
que atravesso apenas ruas da cidade abandonada
fechada como boca onde não encontro nada:não encontro respostas para tudo o que pergunto nem na verdade pergunto coisas por aí além
Eu não vivi ali em tempo algum"

Ruy belo


As palavras gastam-se, esvaiem-se, perdem-se, sonham-se, calam-se. Mundos a que não pertencemos, desejos que ocultamos, amores que escondemos, sentimentos que desavergonhadamente por vezes revelamos.

Obscenamente, de verdade escancarada, hoje queria estar gigantescamente grávida. Desejava-o desmesuradamente. Não perguntem o porquê. De uma menina. Para viver outra vez essa mistica excessiva que é ser mãe. Viver alí. Aqui também. Serias Maria e encheria a boca para chamar o teu nome.

Plagiando a Isa, belissima no seu Piano: Beijo.Vos.___________________

Wednesday, July 26, 2006

Mas somos todos iguais


















Há países que se desenvolvem na justa medida e à exacta velocidade da sua arrogância belicista. Israel poderia ter tudo não fosse a extrema desproporcionalidade, soberba, insensatez e sobranceria face ao direito internacional, ética, respeito religioso e senso humanista.
Israel é uma força isenta de respeito pelo próximo ( quem poderá compreender a quimérica e persistente negação de qualquer reivindicação palestiniana),
Israel é um estado ávido de guerra ( e não em venham dizer que apenas se defende), ávido de território, ávido de vingança histórica, ávido apenas..

Por outro lado, o auto apelidado Partido de Deus ( não deixa de me chocar esta ideia de Deus aliada a motivos tão torpes quanto opostos à doutrina religiosa), leia-se Hezbollah, partido com assento parlamentar, organização terrorista (à semelhança das al Qaedas, gia’s, Jihad´s, hamas, etc, etc, etc), agrupa um conjunto de shiitas armados que se juntou para defender o Líbano da invasão israelita. ..já era nascida quando isto aconteceu, foi há bem pouco tempo que isto terminou (terminou???)...


Aos olhos de qualquer cidadão ocidental, as imagens constantes do médio oriente dão a impressão que ali se está em permanente guerra. Por qualquer razão, com toda a razão ou sem razão aparente, a leviandade com que se mata é tão imprudente quanto a ligeireza com que dia após dia nos habituamos a ver matar.
O campo de batalha é todo um vasto território, onde não se poupam crianças, mulheres, camiões humanitários, conventos, lugares de culto, mercados, habitações.
Outra ideia poderíamos fazer da religião muçulmana...a imagem de homens de joelhos virados para Meca em prece...mas a prece vai-se perdendo, dando lugar ao combate, à guerrilha, ao terrorismo e à enorme hipocrisia de todos os que observam, supostamente preocupados, a alvorada em terras do médio oriente.

Porque, como sempre, existem outros interesses, porque existem pressões e forças que não se podem simplesmente ignorar, porque a bandeira da paz não é de longe nem de perto a mais importante, porque a voz dos inocentes não se faz ouvir, porque aquelas crianças não são iguais à nossas, porque aqueles mortos não são iguais aos nossos, porque naquelas terras um nascimento não é igual ao nosso, e sobretudo, porque ninguém está minimamente preocupado em estabelecer ali a justiça, a liberdade e a democracia.

Quem terá razão...
quem será terrorista..
que país terá na génese algo de intrinsecamente democrático em terras do médio oriente?

Quantos holocaustos estamos a viver...?

Holocaust 1) A sacrifice wholly consumed by fire; 2) A complete or large-scale sacrifice; 3) A complete or wholesale destruction, esp. by fire; a great slaughter or massacre; 4) spec. The (period of the) mass murder of the Jews (or transf. of other groups) by the Nazis in the war of 1939 – 45.

Fonte: Oxford English Dictionary

Friday, July 21, 2006

I am small























"Help, I have done it again
I have been here many times before
I Hurt myself again today
And, the worst part is there’s no-one else to blame
Be my friend

Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I’m needy
Warm me up
And breathe me
Ouch I have lost myself again

Lost myself and I am nowhere to be found,
Yeah I think that I might break
Lost myself again and I feel unsafe
Be my friend

Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I’m needy
Warm me up
And breathe me
Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I’m needy
Warm me up
And breathe me"

Breathe me - Sia


I am small_______
today i Am small_________
wrap me up_____small
My soul_______alone
with me. Small and needy.


http://www.youtube.com/watch?v=9iTj2KUnXS4&mode=related&search=

Thursday, July 20, 2006

A vermelho, para que o ouçam

Nó na garganta... que perturba, que mói, que corrói, que sussura
Os silêncios,
o que não se deve dizer, o que se cala, o que apenas se murmura,
O que se vai gritando
O nó na garganta
que lateja a alma,
que ataranta o coração,
Envergonha o sorriso,
Esquece os afagos, atrasa o enamoramento
Entristece a paixão,
O nó na garganta
Que amotina e retarda a vida,
Embaça o olhar
Desaprende o beijo
Omite o devaneio .

Este amplo, pesado, dilatado, densíssimo, só meu, nó na garganta.

Wednesday, July 19, 2006

Mamas


















Foto: Kylie Minogue














As mamas das mulheres, e permitam-me tratar as coisas pelos seus nomes, são muito mais do que “mamas”. De facto, além da sua inquestionável vertente sexual, sedutora, as mamas, são para as mulheres uma parte de si, uma parte do corpo, uma parte da estética, uma parte do seu sentir da maternidade, uma parte da sua beleza e da sua feminilidade.
siliconizadas, naturais, descaídas, redondinhas, firmes, grandes ou pequenas. As nossas mamas.

Contudo, as nossas amadas mamas, também nos podem dar problemas, problemas graves, problemas que de tão sérios nos roubam o sorriso, nos fazem questionar o que será o amanhã, nos sonegam o sentido da vida ou nos alertam para todos o sentido que a vida deverá ter.

O diagnóstico precoce aparece nos dias de hoje como o colete salva vidas. Com ou sem amputação de parte do peito, com ou sem terapêutica posterior, com mais ou menos padecimento, a mamografia e a intervenção rápida fazem do cancro da mama, actualmente, um dos cancros menos fatais.

Porque os blogs não servem apenas para divertir, para monologar, para mostrar as mamas e captar audiências, peço a todas as meninas o favor de fazerem o que eu fiz hoje...uma mamografia...

A ti, mana, quero-te plena de esperança, de força que sei que possuis, de felicidade porque sei que a vais tornar a ter, de sorriso porque nunca o perdeste,

de apoio porque sempre o tiveste,
mesmo quando demos espaço a todas as estúpidas ausências.

Friday, July 14, 2006

Ashes to Ashes















"We've been clutching so desperately to the past, and for what?


Because that's when there was hope."

Six feet under.



Por isto mesmo, há que aproveitar o Sol que inunda este país.

Hoje será passado amanhã.





Wednesday, July 12, 2006

A besta

Magnânimo
Imenso,

num caos esculpido por nós
Todos,
Babel, inferno,
Conformismo,


Grita
O
Silêncio
um som apenas,
Esse do teu descanso absoluto
Completos

Neste ínfimo emudecimento de paz.




Monday, July 10, 2006

Oh Well
























"My peace and quiet was stolen from me
When I was looking with calm affection
You were searching out my imperfections
What wasted unconditional love
On somebody
Who doesn't believe in the stuff
You came upon me like a hypnic jerk
When I was just about settled
And when it counts you recoil
With a cryptic word and leave a love be
littled
Oh what a cold and common old way to go
I was feeding on the need for you to know me
Devastated at the rate you fell below me
What wasted unconditional love

On somebody
Who doesn't believe in the stuff

Oh, well"

Fiona Aplle - Extraordinary nachine - Oh Well

Gosto de mulheres assim. Que arrebatam de dentro para fora, que se revelam num enorme potencial. De olhar, de arte, de voz, de poder.Todas as mulheres deveriam gostar de mulheres assim. Mulheres como nós. Que se ensoberbecem de o ser. Na singularidade de ser. Mulher. Belíssimas. Todas.

Friday, July 07, 2006

Wild Rose














Todo o enternecimento abandonado neste mundo ....


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada"


A rosa de Hiroshima
Vinícius de Moraes


Nem tudo é samba....


às vezes
Apenas uma rosa
.
em que acredito .

Outras grito.
Nem tudo é poesia

Outras tantas deixo de acreditar.

Nem tudo é vida.


Foto: Zaire - Sebastião Salgado

Thursday, July 06, 2006

Desabafos

Se com saudade
Se pela inexistência dela
Percebemos
Um dia
Que o mundo dos afectos
É feito de um dar vão.


À nossa volta
O cerco do amor
É cada vez mais ténue


A família é o centro do tudo e da certeza do nada._____________

Wednesday, July 05, 2006

Quando oiço o hino nacional,
juro,
algo em mim estremece,
como se um pouco da minha alma,
fosse de facto alma lusa,
e o meu coração,
o meu coração
__________

dei por ele a chorar baixinho
como quem sente vergonha
de se sentir assim
______.magoou-se um pouco da minha alma.

Tuesday, July 04, 2006

Peso




















"How many lives do we live? How many times do we die? They say we all lose 21 grams... at the exact moment of our death. Everyone. And how much fits into 21 grams? How much is lost? When do we lose 21 grams? How much goes with them? How much is gained? How much is gained? Twenty-one grams. The weight of a stack of five nickels. The weight of a hummingbird. A chocolate bar. How much did 21 grams weigh?"

Inexoravelmente o peso...
medida de diferença entre a vida e a morte.

Monday, July 03, 2006

Futebol

Subitamente todos sabemos o hino nacional.
Subitamente todos nos aclamamos portugueses, terra de descobridores, terra de democracia, de revolução sem sangue, pátria lusa que dá língua a milhões por esse mundo.
Subitamente até sabemos que o hino se chama “a portuguesa” e que os nove castelos da bandeira, são representativos do número de fortalezas tomadas aos Mouros, esses desgraçados.
Mas mais, subitamente o nosso país parece ter erradicado a pobreza, os combustíveis nem sequer sobem, os ordenados são porreiros, as maternidades não fecham, o ensino vai de vento em popa, e o ministro dos negócios estrangeiros não se demitiu.
Subitamente somos todos portugueses de alma e coração.

Gostamos do vizinho, brindamos com o dono da taberna, dançamos na rua, buzinamos por alegria e não chamamos filho da puta ao gajo que cola o tunning à nossa traseira.
Subitamente a nação tornou-se uma tribo, o clã lusitano.

Nação Unida, esfaimada de vitória, nobre, guerreira, bem aventurada, feliz!!!
Calem-se os fadistas, calem-se os velhos do Restelo, calem-se os comentadores políticos, calem-se os sindicatos, calem-se os desempregados e aqueles gajos chatos da Opel da Azambuja!

O dia é de todos nós, nação valente e imortal!
Esquecida, alheada, perdida de amores por um gajo do Montijo e um outro da Madeira.
Os heróis nacionais tratam-se a si proprios na terceira pessoa, “ O Ronaldo isto, o Ronaldo aquilo...”. Mas aos heróis nacionais tudo se permite...” rolei confiança e maturidade” sic Ronaldo..
.mas estes são os nossos heróis!
Portugal precisa disto, precisa de festa, de esquecer o dia a dia, de esquecer a carga fiscal e a retoma que nunca mais chega,
Portugal precisa de caras alegres, de optimismo, de opium...
Portugal, cada vez mais perto do Brasil, necessita deste bónus, desta droga, desta cor,
deste samba.
Quem não vibrou com o que aconteceu no Sábado que se manifeste, mas que o faça em surdina, sob pena de ser desterrado para terras do nunca.
Porque também eu vibrei,
porque também eu tenho uma bandeira novinha,

porque também eu quero sambar,
esquecer,
rejubilar.


“Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão”

Meu Caro Amigo- Chico buarque