Natal

Aproveitem a quadra. Comam muitos sonhos. E sonhem. Comam filhoses, cabrito, peru e arroz doce, leite creme, chocolates, troncos de Natal e lampreia de ovos. Esqueçam as dietas, os diferendos, a crise, a constipação, a inflação e o spreed do empréstimo. Lambuzem-se. Esperem pelo Pai Natal, acreditem no Pai Natal. Acendam uma vela junto ao presépio e deixem as crianças acordadas até às duas da manhã. Exteriorizem, beijem e abracem. Criem ilusões e memorizem o olhar dos vossos filhos. O encanto, a intensidade. De acreditar. E afaguem os vossos pais, dêem-lhes conforto, ternura e uma casa quente. E apreciem o relógio, o perfume, o pijama, as meias, o bibelot do cãozinho, o livro de culinária, o romance do Paulo coelho e o disco do pavarotti. apreciem, mesmo quando nada daquilo é digno de apreciação.
E esqueçam que não gostam daquele e do outro. Reparem apenas nos que amam. E transbordem ternura. Esqueçam o trabalho e o dinheiro que gastaram. Gozem a noite, a silent night, o natal dos hospitais, e o filme da rtp 1. Oiçam as “mais belas canções de natal” pela enésima vez. Mas aprisionem a quadra no vosso coração, vivam, percebam o quão bom é estar assim. Com tudo isto que pode ser o Natal. E recordem. Tirem fotografias, mas sobretudo guardem cada segundo daquela noite.
Ahh, e façam-me um favor: brinquem.Muito.
Bom Natal.