Tuesday, March 29, 2005

The end

Às vezes as coisas deixam de fazer sentido. Sejam lá quais sejam. Apenas deixam de ter fundamento para a sua existência. Ponto Final. The end.

A escrita parece ficar mais bonita no meu caderno de apontamentos. Será o legado que deixo ao meu filho. Memórias, sentimentos, vivências, emoções exacerbadas. Conhecerá a sua mãe num tempo em que provavelmente a sua mãe já não se dará a conhecer. Conhecerá a sua mãe num tempo em que ele tenha a capacidade e o desejo de a conhecer. Como tudo na vida, às vezes tarde demais. Às vezes nunca tarde.
O meu caderninho de apontamentos parece fazer mais sentido. Não tem exposição publica, não tenho de me conter, não esconde as verdades mais duras, expõe todos os segredos, é obscenamente transparente.
Do meu caderninho de apontamentos vêm respostas. Vêm afagos e consolos. Vem o beijo em forma de papel.
Gosto do deslizar da caneta, gosto do deslizar do lápis. Gosto dos cheiros do papel, do ruído das páginas que se voltam.
A escrita tem mais vida quando feita no papel. A lápis, preferencialmente.Com cheiro de escola primária.

As coisas deixam de fazer sentido, porque a escrita implica sempre a necessidade de resposta. Seja ela qual fôr, Sempre direccionada. Sempre à espera. Sempre. Resposta anónima, ou identificada. Mas espera sempre uma resposta.
O silêncio do meu caderno é uma resposta confortável, não ofende, não corrige, não contrapõe. Existe apenas.
Aqui, neste canto deixou de fazer sentido escrever. Há muito se esqueceram as visitas, os afectos, os carinhos na forma de “Passei por aqui”. E isto magoa. Magoa porque nos remete para uma solidão que não queremos, para uma solidão que preferimos ignorar, mandar fora, exorcizar. E aqui ela é relembrada todos os dias. Vem na forma de não retorno, ausência de comentários, ausência de visitas, de beijos, de recordações.

Deixou de fazer sentido. Como tantas coisas na vida.
Volto para o meu caderninho. Cheio de alma. Cheio de alma minha. Apenas minha. E isso é bom.

Despeço-me com alguma mágoa. Acreditem os que um dia souberem que me despedi.
Como quem perde mais um bocadinho de qualquer coisa.
Um pequeno pedaço de vida, que já agora saibam também, tem muito mais significado para mim do que podem imaginar.
Foi assim o meu jardim.

“This is the end,
beautiful friend
This is the end, my only friend
The end of our elaborate plans
The end of everything that stands
The end
No safety or surprise
The end
I'll never look into your eyes again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need of some stranger's hand
In a desperate land (…)”

Friday, March 18, 2005


Bom dia, Pai. Posted by Hello

Tuesday, March 15, 2005

Primavera

O meu puto (interessante esta de “meu puto”) hoje só se ria.
Os risos, gargalhadas e gritinhos do meu puto são os meus risos, gargalhadas e até gritinhos. Com a alegria do meu puto, o meu dia nasceu radioso. Lá fora há um cheiro de primavera. Os passarinhos vulgo “piu piu’s”, andam de um lado para o outro e inundam o meu espaço com os seus sons.
O meu puto tatuou-me um sorriso estúpido na cara. Acho que a Primavera sou eu.