Friday, October 27, 2006



















Paula Rego


“when sanity visits
for one hour and twelve minutes I am in my right mind.
When it has passed I shall be gone again, a fragmented puppet, a grotesque fool”.

Sarah Kane



O génio sempre deu lugar a alguma “loucura”. E digo loucura no sentido não da “não sanidade”, mas sim na desconformidade aos ditames da normalidade. Os jeitos, o enrolar de mãos, o olhar no vazio, a propensão para a emotividade, a busca continuada de beleza, a capacidade para encher a memória de tal forma que esta transborda afectos.
Esta é a loucura de que gosto. A loucura em que me deito e me conforto. Esta é a loucura que admiro. Por vezes em mim, inúmeras vezes nos outros.
Os rabiscos das crianças, os gritos , a inexistência de pudores. A forma exacta de dizer a verdade. O arrojo de sorrir ao próximo. O concubinato com a terra.
A cor.
O génio e a loucura misturam-se e raro é o génio que dela não “padece”. sã, mas ainda assim perfeitamente cognoscível.

“Os psicóticos são espantosos, dizem frases espantosas, estou-me a lembrar de uma que era «aquele homem tem uma voz de sabonete embrulhado em papel furtacores». Isto é uma frase do caraças”.

António Lobo Antunes. Prodigioso na entrevista de ontem no canal 1. Sem pruridos, sem arrogância. Com a espírito um pouco além. Por isso mesmo.


5 Comments:

Blogger £ou¢o Ðe £Î§ßoa said...

Nem todas as pessoas têm a sensibilidade para definir assim a LOUCURA... assim de forma tão sã.

KIss, até outro momento

9:00 AM  
Blogger Teresa Durães said...

"genialidade e loucura sempre andaram de mãos dadas", uma frase vulgar.

Penso que é uma forma bonita de se ver (à distância). Contudo (e lembro-me do filme Pollock) quantos têm capacidade para aguentar todos os dias essa genialidade?

A emotividade mais elevada é muito cansativa para os outros :) falo por experiência.

9:04 AM  
Blogger Jorge said...

Não tive oportunidade para ver, mas gostava de ter assistido!
Genialidade! Loucura!
Aparentemente afastadas e antagónicas, no entanto tocam-se tantas vezes...

Beijinhos

1:27 PM  
Blogger Lisa said...

Também gostei muito da entrevista. E gosto muito da escrita dele, não perco as crónicas na visão (a última era uma coisa... dolorosamente linda, a forma como ele imagina os interiores das pessoas e os coloca à luz)
Os livros são um soco no estômago, difíceis de digerir... tive que fazer um intervalo de um que estava a ler, de tal forma era doloroso o mundo daquelas personagens. Mas é maravilhosa a forma como nos põe a ver (com olhos de ver) o mundo dos outros, daqueles em quem ninguém repara.

4:21 AM  
Blogger OLHAR VAGABUNDO said...

gostei deste cantinho...
beijo vagabundo p.j.

8:56 AM  

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