Wednesday, February 22, 2006

Estamos todos sós

Assusta-me, assola-me, amedronta-me, entristece-me a ideia de te perceber tão ignorado pelos que te deveriam estar proximos, meu filho.
Odeio esta ideia, esta quase certeza de ver que os que te rodeiam, que te amam, que te protegem, se contam pelos dedos de uma mão.
Amedronta-me esta ideia de perceber que tantos que não o deveriam fazer, por amor, por incumbência, por laços de sangue, por dádiva, te deixaram, te esqueceram, se estão marimbando.
Esqueceram, fugiram, desapareceram.
magoa-me lidar com o egoismo, a arrogancia, a distancia dos que jamais, jamais, deveriam afastar-se de ti.
Há uma dor diaria que não consigo evitar.
Porque ao ignorarem.te a ti, forçam-me, irremediável e inquestionavelmente , a quebrar os laços.
E doi-me especialmente perceber que foi em vão que sempre me coloquei na vida dessas pessoas para cuidar, apoiar, estar ao lado sempre que fosse necessário.
Esta dor diaria, surge-me com laivos de ressentimento. Agora sim ressentimento...ressentimento de perceber que toda a puta da vida fui uma estupida que não percebeu que toda a dádiva tem o seu limite.

Esta dor diária surge-me com laivos de medo, medo de perceber que todos estamos irremediavelmente sós.
Esta dor diária, assume uma unica certeza: tenho de viver, viver sempre, viver até ao fim, viver para cuidar de ti, viver porque sem mim, sem mim e sem o teu pai, não sei o que seria de ti.



Prometo estar sempre ao teu lado. Que dEus me ajude a estar sempre ao teu lado.

Todos estamos sós.
E se agora não desato a escrever palavrões e mais palavrões, tal devesse apenas ao facto de este post já conter em si mesmo todos os palavrões que tenho vontade de dizer.

A banda sonora do filme Munich é fabulosamente triste.

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