Friday, August 03, 2007

Até o conhecer, juro, não me queria casar.
Queria ter um filho, apenas um, pois na altura, acreditava que um era quanto bastava. Recusava o casamento. Achava ridícula a questão do papel, a contratualização dos sentimentos, o deve-haver, o facilitismo do casa –descasa, a papelada, a burocracia, a mudança do B:I.
Mais que tudo, atordoavam-me aqueles que gastavam fortunas em festas nas quintas da regaleira, copos de água para amigas que apenas sabem dizer mal e vestidos pseudo brancos que, salvas raras excepções, caiem irremediavelmente na alçada do ridículo.
Sempre detestei os casamentos de Agosto, banhados a espumante murganheira a acompanhar o bacalhau com natas e a carne de porco com recheio de tâmaras.

Mudei.
Houve um momento em que deixou de fazer sentido o “ajuntamento”.
Ou bem que era namorada, ou bem que era mulher. Que é isso de “junta”? Juntar-me, juntava-me com uma colega se tivesse feito um erasmus, juntar, juntava-me nas férias com o namorado pelo período de 30 dias, não mais.
Juntar é tudo e também não é nada.
Juntar é acreditar no amor, experimentar a rotina, acordar e adormecer com o homem que se ama...mas juntar é ouvir dizer-se “minha mulher”como quem sussurra, mente, altera, adultera.
Juntar, é não ter espaço para as visitas hospitalares. Juntar é não ser cabeça de casal, não ter direito a transmissão de arrendamento ( não em moldes iguais ao dos cônjuges), não ter direito a pensão de alimentos (não em moldes iguais ao dos cônjuges)...juntar é ter os direitos plasmados num diploma de uma página, não alvo de regulamentação especifica.
Juntar é tudo e nada.
É acreditar no amor...tudo e nada.
Minha mulher, meu marido é uma mentira que se diz, apenas porque se acredita que assim é. A base é o amor.
Um dia mudei.
Porque gosto da lei, de a analisar, respeitar e obedecer.
Porque acredito no amor, de per si, mas também no amor que, aos olhos da sociedade na qual nos inserimos, é visto como um amor aceite por ambos, abraçado por ambos.
Um dia mudei. Porque um dia viriam os filhos e porque os filhos, como nós, estão inseridos numa sociedade que não admite, tão pouco acolhe, aqueles que não se querem guiar pelos tramites que ela traça.
Estar junto, não é estar casado, mas estar casado é sobretudo estar junto.
Em tudo, hoje casada, como antes, junta, acredito na base emotiva do casamento. No laço do afecto, do carinho, do respeito, do sexo, do esperado infinito amor e da cooperação.
Estar junta, era tudo e não era nada.


Nota: casei num ambiente discreto, tendo como convidado o meu filho de três anos, não esteve presente nem a caras nem a flash, não fiz festa na quinta, não fui de lua de mel para as Maldivas, não fui de vestido branco e ele não foi de fato. Uso uma aliança linda, unico elemento tradicional a que me rendi.

Na noite de núpcias fomos para uma Pousada de Portugal. O nosso filho também. E foi muito bonito.
Estar casada com ele é tudo.

4 Comments:

Blogger PenaBranca said...

wow, isto sim uma declaração de amor e de vida! que se guardem um ao outro nesse espírito! rijo abraço e cumprimentos do longe.
p.

6:40 AM  
Anonymous Anonymous said...

alô sóninha,
que bom que voltaste e tão feliz, na companhia dos teus principes.
que bom amiga, passou a tempestade, vês?
bjs. grandes e o desejo de que continues assim.

7:14 AM  
Blogger Silvia Madureira said...

Tenho a mesma opinião. Concordei com tudo...se se ama porque se tem medo de formalizar? Se somos mulheres porque nos chamam de namoradas? Juntar é fingir...fingir que se está casado...e porquê fingir algo que podemos realizar? Só se não estivermos convictos.

1:39 PM  
Blogger Sendyourlove said...

faz tudo tanto sentido...um dia quero voltar a sentir-me assim.

2:38 PM  

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